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Covid-19: Feira quer colaboração entre universidades para aplicação de novos testes

31-03-2020 19:21h

Santa Maria da Feira apelou hoje à colaboração entre universidades e à contratação de dentistas para aumentar os testes à Covid-19 no cento de rastreio do Europarque, que, que atualmente só realiza 80 apesar de ter capacidade para 400.

A recomendação é do presidente dessa autarquia do distrito de Aveiro, à qual cabe a tutela do referido centro de congressos e que, em colaboração com a Associação de Municípios das Terras de Santa Maria, o disponibiliza para funcionar como centro de rastreio do novo coronavírus desde 21 de março.

Em declarações à Lusa, Emídio Sousa reconhece que essa estrutura de diagnóstico "só está a realizar uns 80 testes por dia quando tem capacidade para fazer 400" e justifica esse subaproveitamento com "uma carência alarmante de testes, que estão a ser racionados por todo o país", e com a falta de profissionais de saúde para execução dos devidos procedimentos clínicos.

No primeiro caso, a sugestão do autarca é que o "trunfo notável" do Instituto de Medicina Molecular ao anunciar a sua capacidade para desenvolver um teste à base de reagentes produzidos em Portugal possa ser "partilhado com as universidades do Porto, de Aveiro e do Minho para rapidamente se aumentar a produção desse tipo de exames e eles ficarem disponíveis para a população".

O presidente da Câmara da Feira acredita, aliás, que essa produção conjunta, além de responder à prioridade atual de "satisfazer as necessidades do país", poderia até permitir que se começasse "a criar testes também para outros países".

Já no que se refere aos profissionais de saúde destacados para o Europarque, Emídio Sousa nota que "os recursos são escassos, há pessoas doentes e todos estão desgastados por um ritmo de trabalho muito intenso", pelo que defende que a Direção-Geral de Saúde proceda à contratação noutras áreas técnicas compatíveis com o trabalho de rastreio clínico da Covid-19.

"Temos médicos dentistas e até veterinários que já se disponibilizaram para ajudar e isso só depende da Autoridade Nacional de Saúde. São profissionais que, embora não tendo a especialidade de Medicina Interna, estão perfeitamente aptos a realizar estes testes junto da população e seriam uma ajuda preciosa nesta altura", realça o autarca.

António José Sousa, médico dentista que leciona no Instituto Universitário Egas Moniz e é cofundador da plataforma online "Fazer Dentária", de apoio a 4.500 profissionais do setor, realça que 60% da classe já se mostraram "disponíveis para ações de apoio à população" na luta contra a Covid-19 e se voluntario para o efeito "através de inscrição na Direção-Geral da Saúde", mas até agora não foram chamados.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 791.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 38.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, pelo menos 163.000 recuperaram.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 7.443 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 160 morreram, 627 estão internados em hospitais, 43 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

No dia 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar e a 19 de março todo o país ficou em estado de emergência, o que vigorará pelo menos até às 23:59 de quinta-feira.

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