A Universidade de Évora participa num estudo europeu que visa identificar e caracterizar zonas rurais onde o acesso a alimentos saudáveis e a oportunidades para a prática formal de exercício físico é limitado, foi hoje divulgado.
Em comunicado, a academia indicou que é parceira do projeto DESERT – Diet and exercise strategies for equity in rural territories (em português, Estratégias de dieta e exercício físico para a equidade em territórios rurais).
Segundo a Universidade de Évora (UÉ), a participação no projeto, coordenado pela Universidade de Saragoça, em Espanha, é feita através do Departamento de Desporto e Saúde e do Comprehensive Health Research Centre (CHRC) da academia.
O estudo, que se estende até final de maio de 2027, abrange os territórios específicos da província de Teruel, em Espanha, da sub-região do Alto Alentejo, em Portugal, e da região da Anatólia Central, na Turquia.
Esta iniciativa científica “procura mapear de forma rigorosa os chamados ‘desertos alimentares’ e ‘desertos de atividade física’, fenómenos que afetam populações isoladas, envelhecidas ou vulneráveis”.
“Muitas destas comunidades vivem em territórios onde o acesso a bens essenciais é escasso ou inexistente. O nosso objetivo é compreender como estas limitações afetam a saúde e o bem-estar”, salientou Jorge Bravo, professor da UÉ e investigador do CHRC, citado no comunicado.
Além da compreensão sobre as limitações, explicou o docente, os investigadores querem “apoiar a criação de respostas mais eficazes, baseadas em dados contextuais, que possam informar políticas públicas e planos de intervenção territorial”.
De acordo com a UÉ, o projeto DESERT pretende “ir além do mapeamento básico e desenvolver perfis detalhados que permitam informar políticas públicas e orientar investimentos em serviços essenciais”.
“Estamos a trabalhar com comunidades que têm sido sistematicamente subfinanciadas. Queremos produzir conhecimento que tenha impacto real, que ajude a colocar estas populações na agenda política”, sublinhou o investigador.
Entre os objetivos, destaca-se ainda “a definição e operacionalização do conceito de deserto de exercício físico”, contribuindo para a “criação de estratégias de promoção da saúde e equidade social nas comunidades rurais do sul da Europa”.
“A prática de atividade física depende do ambiente construído. Se não houver espaços seguros, acessíveis e próximos, as pessoas simplesmente não conseguem integrar exercício na sua rotina, o que aumenta o risco de doenças crónicas”, disse Jorge Bravo.
Financiado no total em quase um milhão de euros pela parceria europeia ERA4Health, o projeto integra nos três territórios alvo de estudo equipas locais e parceiros institucionais, num trabalho colaborativo e multissetorial.
“Através de metodologias robustas e da colaboração com agentes locais, a equipa de investigadores irá analisar barreiras e propostas estratégias intersetoriais que contribuam para o reforço do investimento, da infraestrutura e dos serviços nas regiões estudadas”, acrescentou.