SAÚDE QUE SE VÊ

Santa Maria a funcionar mais lento e sem muita gente ao inicio da manhã em dia de greve

Lusa
24-10-2025 11:45h

A receção central do Hospital Santa Maria funcionava ao inicio do dia com relativa normalidade, com uma dezena de pessoas a aguardar a chamada, que acontecia a um ritmo mais lento do que o habitual, segundo alguns utentes.

Apesar da greve de hoje da Função Pública, que deverá afetar na Saúde sobretudo a atividade programada (consultas e cirurgias), quase todos os utentes com quem a Lusa falou pelas 10:00 no local tinham tido consulta nas especialidades de Endocrinologia, Pediatria e Estomatologia.

“Na pediatria estavam os médicos e houve consulta”, disse uma utente que à saída da receção central levava a filha pela mão.

Na consulta da tiróide os utentes também estavam a ser chamados. À Lusa, uma utente contou que a greve se notava apenas ao nível do pessoal auxiliar.

À saída da receção central um utente confessava à Lusa que já esperava não ter a consulta que estava agendada para Gastrenterologia, enquanto uma outra utente contou que na Estomatologia estavam as consultas a acontecer normalmente.

À entrada do hospital, a expectativa dos sindicatos era diferente, com a dirigente Tânia Russo, da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) a dizer que esperavam uma adesão “muito expressiva em todo o país”.

Em declarações aos jornalistas, a dirigente considerou que as políticas deste Governo “têm afastado os médicos” e “levam ao encerramento dos serviços, o que coloca em risco os doentes”.

“O Governo não tem querido negociar com a FNAM, não tem ouvido a FNAM. As supostas negociações não passam de uma farsa deste Ministério, em que não há uma verdadeira intenção de negociar”, disse Tânia Russo.

À Lusa, a dirigente explicou que na última reunião sobre os serviços de urgência não foram entregues ao sindicato os documentos relativos às propostas do Governo e que, quando a informação chegou aos sindicatos, uma semana depois, perceberam que não continha algumas matérias analisadas na reunião com a tutela.

“Aquilo que foi enviado é diferente, não contempla algumas questões que foram faladas e que estavam anunciadas pela ministra, como o suplemento de 500 euros para a deslocação, que ainda assim seria insuficiente”, contou à Lusa Tânia Russo, lamentando que o Governo queira agora “impor a deslocação forçada dos médicos até 60 quilómetros”.

Tânia Russo disse que forçar a deslocação dos médicos para fazerem urgências “pode levar a que mais profissionais saiam do Serviço Nacional de Saúde e que as pessoas não tenham acesso aos serviços”, insistindo que esta deslocação deveria ser sempre voluntária.

A Frente Comum cumpre hoje, desde as 00:00, uma greve da Administração Pública contra o Governo, que acusa de degradar as condições de trabalho e de desinvestir nos serviços públicos.

Espera-se a adesão de professores, educadores e auxiliares das escolas, médicos, enfermeiros e auxiliares dos serviços de saúde, trabalhadores dos transportes públicos, inspetores e funcionários do Fisco, funcionários judiciais, entre outros.

O aumento dos salários, a valorização das carreiras, a reposição do vínculo público e a defesa dos serviços públicos são também motivos para a convocação da paralisação que abrange todos os trabalhadores do Estado.

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