Dirigentes da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública e da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) congratularam-se com a grande adesão à greve, que se realiza hoje na Administração Pública.
Junto à Escola Artística António Arroio, em Lisboa, encerrada devido à greve, o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, acompanhado por um dos secretários-gerais da Fenprof José Feliciano Costa, realçou que o setor da recolha do lixo teve uma adesão à paralisação de 90%, durante a madrugada.
“Esta greve arrancou no turno da noite de ontem [quinta-feira] nos hospitais e na recolha de resíduos. A adesão, durante a noite foi muito boa. Os hospitais em serviços mínimos na sua esmagadora maioria, desde Tondela a Faro, passando aqui pelos maiores centros urbanos”, descreveu Sebastião Santana.
O dirigente da Frente Comum previu que o cenário matinal da António Arroio se reproduza hoje em Portugal.
“Há registo de escolas fechadas em todo o País e outras que sabemos de antemão que não vão mesmo abrir e isto vai-se multiplicar pelos serviços da Administração Pública”, afirmou.
Nas esplanadas em frente àquele estabelecimento de ensino lisboeta, conhecido pelo vanguardismo e dedicado às artes, dezenas de alunos conviviam esta manhã, depois de encontrarem os portões fechados.
“São 08:00 horas, as escolas estariam a reabrir agora, mas temos já conhecimento do que vai acontecendo por todo o País, mas ainda estou a receber mensagens no telemóvel. Temos escolas fechadas em Viseu, Covilhã, Almada, Sintra, Vialonga, mesmo na cidade de Lisboa”, relatou Feliciano Costa.
O dirigente da Fenprof acrescentou que “é uma greve que vai ter também na Educação uma grande expressão pelos fechos das escolas, que implicam que há trabalhadores não docentes em greve e há professores em greve”, exemplificando que há escolas em que “dos seus 12, 13, 14 [professores], 11 a 12 estão em greve”.
Também presente na concentração esteve o candidato presidencial António Filipe, antigo vice-presidente da Assembleia da República e histórico deputado do PCP, “em solidariedade para com os trabalhadores”.
“É inquestionável de que o País precisa de bons serviços públicos. Temos défices muito graves em geral. É preciso que as carreiras da Administração Pública sejam atrativas. Aquilo que está na discussão do Orçamento do Estado [para 2026] não aponta minimamente para isso”, lamentou.
A Frente Comum cumpre hoje, desde as 00:00, uma paralisação da Administração Pública contra o Governo da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP), o qual acusa de degradar as condições de trabalho e de desinvestir nos serviços públicos.
Além do setor da Educação, são expectáveis perturbações pela falta de presença de médicos, enfermeiros e auxiliares dos serviços de saúde, trabalhadores dos transportes públicos, inspetores e funcionários do Fisco, funcionários judiciais, entre outros.
O aumento dos salários, a valorização das carreiras, a reposição do vínculo público e a defesa dos serviços públicos são também motivos para a convocação desta “grande greve”, que abrange todos os trabalhadores do Estado.
A Frente Comum representa 29 sindicatos de todos os setores da administração pública.