Hospital explica que a contratação de pediatras em regime de prestação de serviços não é o ideal, mas “evita o encerramento” da urgência.
“No mês de abril, excecionalmente em cinco dias, para evitar o encerramento do serviço, tem o conselho de administração, tentado encontrar soluções, que não sendo as ideais, garantem a qualidade do serviço”, refere o hospital em comunicado.
A administração adianta que, em articulação com o Centro Hospitalar Lisboa Norte, Centro Hospitalar Lisboa Central, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Hospital Fernando da Fonseca e Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo, “foram identificados vários pediatras, alguns para chefiar equipas, que poderão ajudar o HGO a estabilizar o seu corpo clínico, dentro de um a três meses”.
Hoje, o diretor do serviço de pediatria no Garcia de Orta, Anselmo Costa, criticou a contratação de pediatras em regime de prestação de serviços, porque “não é aceitável” um médico chefiar um hospital que não conhece.
A administração esclarece que, devido à saída de vários pediatras, o serviço “encontra-se em condições bastante difíceis para assegurar as escalas” e a medida foi tomada “perante a impossibilidade de fechar um serviço público de urgência”.
Tal como o hospital já tinha informado em conferência de imprensa, na semana passada, a contratação de médicos de fora é uma solução provisória para impedir o fecho da urgência, mas outras medidas estão a ser tomadas para resolver a situação de forma definitiva.
Entram três especialistas
Uma delas é a contratação direta e excecional de três especialistas, dos quais um vai iniciar o serviço de imediato e outros dois apenas em maio, além da garantia do Ministério da Saúde de inscrição de quatro vagas no próximo concurso, a concluir dentro de três meses.
Além disso, o hospital tem procurado sensibilizar a população para, em casos de “baixa prioridade”, recorrer aos centros de saúde do concelho.
Segundo o diretor da pediatria, que se encontra demissionário desde outubro de 2018 por não concordar com as medidas tomadas pela administração, no último ano e meio saíram oito pediatras deste hospital, não tendo entrado nenhum para substituir.
Desta forma, de acordo com Anselmo Costa, a urgência pediátrica do Garcia de Orta tem no total cinco pediatras (passando a quatro no próximo mês, devido à demissão de um deles), e a equipa padrão é constituída por um especialista e dois internos, o que se torna “penoso”, porque os médicos, ao serem poucos, acabam a fazer mais urgência do que o normal.
No final de março, a Ordem dos Médicos alertou para o risco de a urgência pediátrica encerrar em alguns dias de abril devido à falta de especialistas, tendo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses precisado o último sábado, dia 13, por ser um dos dias em que a escala não estava assegurada.
A Ordem dos Médicos revelou ontem à TSF que pediu à administração do hospital o envio das escalas das equipas da urgência pediátrica para abril, afirmando que continua a existir o risco de encerramento durante a noite ou ao fim de semana.