Um antigo funcionário do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra vai começar a ser julgado na quinta-feira, sendo acusado de tirar dinheiro de utentes e de pedir montantes para cunha dentro da instituição.
O arguido de 41 anos trabalhava no IPO desde 2006 como assistente operacional, tendo saído da instituição em julho de 2023, depois de ser alvo de vários processos disciplinares, um dos quais propunha o despedimento por justa causa.
O homem é acusado pelo Ministério Público da prática de um crime de peculato e um de corrupção passiva, por factos que terão ocorrido a partir de 2019, altura em que o arguido terá começado a mostrar “uma compulsão por jogo e apostas desportivas”, nomeadamente na plataforma Placard, refere a acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Segundo o Ministério Público, o arguido, para fazer face às dívidas que acumulava e às despesas do agregado familiar (mulher e uma criança), terá começado a retirar dinheiro de utentes que se dirigiam ao IPO para fazer exames no serviço de imagiologia, onde trabalhava.
Alegadamente, o homem aproveitava o momento em que os utentes saíam do vestiário para a sala de exames, remexendo os seus pertences à procura de bens e valores.
Na acusação, são identificados pelo menos sete utentes, entre 2019 e 2023, que terão sido vítimas da atuação do arguido, que se terá apoderado de um total de 390 euros.
Além deste caso, o antigo funcionário do IPO responde também por uma situação em que terá pedido cerca de 500 euros a uma utente e seu marido, que eram de Castelo Branco, prometendo devolver o dinheiro.
Em troca, terá referido que iria meter uma cunha para antecipar uma cirurgia de que a mulher estaria à espera.
“Já está colocada a cunha”, terá dito numa mensagem pela aplicação Whatsapp, admitindo, porém, que “nem com cunha anda muito mais rápido”.
Dos 500 euros emprestados, até à data da acusação, o arguido ainda tinha em dívida 100 euros.
De acordo com o Ministério Público, foram encontrados no seu automóvel, em março de 2023, folhas com notas referentes a dívidas que teria.
Face às dívidas do jogo, o antigo funcionário do IPO terá também vendido vários objetos em ouro e prata, entre 2018 e 2022, incluindo a sua aliança de casamento.
Numa das mensagens ao casal de Castelo Branco, assumiu que estava “desesperado”, enquanto pedia o dinheiro.
O julgamento começa na quinta-feira, às 09:30.