O surto do coronavírus Covid-19 está a ter um "impacto severo" nas operações das empresas europeias na China, com quedas nas receitas e falta de funcionários, segundo um estudo das Câmaras do Comércio da União Europeia e da Alemanha.
"Os resultados mostram que o impacto foi severo no geral", lê-se num comunicado. "Todos os entrevistados sofreram consequências em graus variados e foram sujeitos a restrições e regulamentações frequentemente conflitantes", apontam os responsáveis pelo estudo.
A mesma nota indica que "muitas empresas" que foram autorizadas a reabrir carecem de fornecimento, funcionários, clientes ou meios logísticos que permitam retomar as suas operações.
Segundo os resultados a que a agência Lusa teve acesso, quase metade das empresas inquiridas prevê uma queda de dois dígitos nas receitas e um quarto estima uma queda superior a 20%, no primeiro semestre de 2020.
O relatório definiu que os principais desafios incluem "regras imprevisíveis", medidas de quarentena "altamente restritivas" e pré-condições "extensas" para reiniciar as operações.
"Metade dos entrevistados enfrenta regras inconsistentes, aplicadas em diferentes jurisdições e em diferentes níveis de governo, que podem mudar com frequência, geralmente com curto prazo de aviso", lê-se.
A China impôs restrições sob a movimentação de centenas de milhões de pessoas devido ao surto do coronavírus Covid-19. Em resultado, milhares de negócios estão há mais de um mês parados ou a funcionar a "meio-gás", incluindo fábricas, retalhistas ou serviços.
"A China encontra-se num ponto de equilíbrio precário com duas tarefas importantes, mas divergentes: manter medidas firmes de prevenção do vírus, ao mesmo tempo que tenta recuperar a atividade económica", descreveu Stephan Woellenstein, presidente da Câmara de Comércio Alemã no norte da China, citado no comunicado.
Joerg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, apontou que a "rede de regras contraditórias" aplicadas no combate contra o vírus produziu "centenas de feudos", à medida que funcionários e comités locais adoptam medidas por si, "tornando quase impossível a movimentação de mercadorias ou pessoas no país".
"Embora a contenção do vírus seja a tarefa mais importante, medidas de padronização em jurisdições maiores devem ser priorizadas para recuperar a economia real", apontou.