O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmou hoje que recusará um “compromisso mínimo” no Conselho Europeu de quinta-feira que vai discutir a resposta da União Europeia (UE) à crise económica e social provocada pela pandemia ligada ao novo coronavírus.
“Não aceitarei um compromisso mínimo: ou ganhamos todos, ou perdemos todos”, disse Giuseppe Conte no Senado italiano.
A Itália tem insistido numa mutualização da dívida a nível europeu para ajudar os países-membros a fazerem face às consequências económicas e sociais da quase paralisação das economias imposta pela necessidade de travar a propagação do coronavírus, mas a ideia é recusada por países como a Alemanha e a Holanda.
“A UE e a zona euro não podem permitir-se repetir os mesmos erros cometidos na crise financeira de 2008, quando não foi possível dar uma resposta comum”, acrescentou o chefe do governo italiano.
Os ministros das Finanças europeus chegaram a 09 de abril a acordo para um pacote financeiro de cerca de 500 mil milhões de euros, mas deixou de fora qualquer instrumento europeu comum de emissão de dívida.
Daquele pacote consta um montante de 240 mil milhões mobilizados através do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo criado na crise de 2008 e que impôs aos países fortemente endividados do sul da Europa medidas de austeridade.
Giuseppe Conte, que tem criticado repetidamente o recurso ao MEE nesta crise, afirmou contudo hoje que, antes de o rejeitar definitivamente, avaliará se o recurso ao crédito através do MEE é ou não condicionado.
O primeiro-ministro italiano frisou não querer opor-se frontalmente ao MEE porque outros países que têm estado ao lado de Itália na defesa de uma mutualização da dívida, como Espanha, aceitam o recurso àquele mecanismo desde que sem condições excessivas.
Giuseppe Conte defendeu ainda a proposta apresentada na semana passada pela França, de um fundo europeu específico e temporário, financiado pelos Estados-membros ou por um imposto próprio, e com a possibilidade de ter dívida comum, mas apenas nesse fundo.
Surgido em dezembro, na China, o novo coronavírus já infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o globo.
A Europa é a região do mundo com mais casos (1,2 milhões) e mais mortes associadas à covid-19 (mais de 100 mil).
Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) antecipou que o chamado “grande lockdown’, ou grande confinamento, possa provocar em 2020 uma recessão da economia mundial de 3% e, na Europa, uma contração de 7,5% na zona euro e uma taxa de desemprego agregada de 10,4%.