A ONU pediu hoje um cessar-fogo na Síria para evitar a disseminação da pandemia da covid-19, já que o país, em guerra há nove anos, registou cinco casos de infetados pelo novo coronavírus.
"A pandemia da covid-19 representa uma ameaça mortal para os civis sírios. [O novo coronavírus] atacará indiscriminadamente e será devastador para os mais vulneráveis na ausência de ações preventivas urgentes", disse Paulo Pinheiro, presidente da Comissão de Investigação da ONU para a Síria, acrescentando que este cessar-fogo seria para evitar um agravar da catástrofe que vive o país.
Até ao momento, a Síria registou cinco casos de contaminação com o novo coronavírus.
"Para evitar esta tragédia que se anuncia, as partes devem atender ao pedido de cessar-fogo do secretário-geral das Nações Unidas e do enviado especial para a Síria, sob pena de condenar à morte um grande número de civis", acrescentou Pinheiro num comunicado.
A guerra na Síria, que matou mais de 380.000 pessoas, enfraqueceu consideravelmente o sistema de saúde do país.
Apenas 64% dos hospitais e 52% dos centros de atenção primária existentes antes de 2011 estão operacionais, enquanto 70% dos profissionais de saúde fugiram do país, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Essa situação dramática deve-se "em grande parte às forças pró-Governo, que atacam sistematicamente instalações médicas", segundo a comissão.
"Os ataques às estruturas médicas, instalações, hospitais e equipas de emergência devem parar imediatamente", disse o investigador.
A pandemia ameaça particularmente os 6,5 milhões de sírios deslocados no país, incluindo mais de um milhão de civis, principalmente mulheres e crianças, que estão amontoados em campos ao longo da fronteira turca na província de Idlib.
Os deslocados vivem com acesso limitado a cuidados de saúde ou água potável, numa área onde dezenas de hospitais foram retirados de serviço por bombardeamentos e combates.
As organizações não-governamentais humanitárias também temem um desastre de saúde nas prisões sobrelotadas do regime sírio.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000.
Dos casos de infeção, pelo menos 129.100 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.