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África enfrenta queda de receitas e adiamento dos projetos de exploração de petróleo e gás

LUSA
27-03-2020 12:30h

O presidente da Câmara de Energia Africana, NJ Auyk, alertou hoje para a queda das receitas, adiamento dos projetos de exploração petrolífera e para os milhares de empregos em risco no continente devido à pandemia.

“Na África subsaariana, o impacto vai ser ainda mais forte que no resto do mundo, porque a pandemia está a acontecer em conjunto com uma queda histórica nos preços do petróleo, o que coloca pressão nos orçamentos e testa a resiliência das empresas energéticas do continente, mesmo as mais fortes”, disse o presidente desta associação que reúne os produtores de petróleo e gás em África.

Os países produtores africanos calcularam o petróleo a mais de 50 dólares, com Angola a inscrever 55 dólares no Orçamento e a Guiné Equatorial a ter calculado um valor médio de 51 dólares por barril, ao passo que a Nigéria estimou que o preço médio deste ano ficaria nos 57 dólares.

Esta semana, o preço médio do barril de petróleo ficou abaixo dos 30 dólares, com a generalidade dos analistas a reduzir as previsões de evolução do preço do barril para cerca de 30 dólares.

“Em Angola, se os preços do petróleo ficarem a 30 dólares, isso motiva uma perda de receitas no valor de quase 1,3 mil milhões de dólares, representando quase 13% do PIB, enquanto na Guiné Equatorial, Gabão e Chade as perdas podem chegar a 10% do PIB”, apontou NJ Ayuk.

No comunicado, o presidente da Câmara de Energia Africana alerta que a situação é muito grave: “Milhares de africanos e de expatriados vão ser despedidos nos países produtores de petróleo quando as empresas suspendem o funcionamento dos poços de exploração e os projetos planeados”.

Para além disso, exemplifica, já há projetos a serem cancelados, dando como certa a informação ainda não confirmada de que a ExxonMobil vai mesmo adiar a Decisão Final de Investimento do projeto da bacia do Rovuma, em Moçambique, “o que está a enviar sinais preocupantes” para os investidores.

“As nações africanas estão a lidar com a crise da covid-19 e com a guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia, e as iniciativas que tomaram hoje vão determinar o futuro durante anos”, alertou, concluindo que “as companhias locais, sejam produtoras ou fornecedoras de serviços, estão na linha da frente e precisam de todo o apoio possível para evitar cortar empregos e sobreviver à crise”, concluiu.

Quase 25 mil pessoas morreram em todo o mundo infetadas por covid-19, de acordo com um balanço feito pela Agência France Presse (AFP) a partir de dados oficiais divulgados hoje às 11:00.

O novo coronavírus matou 24.663 pessoas em todo o mundo desde que surgiu em dezembro, segundo este novo balanço.

Foram registados 539.360 casos de infeção em mais 183 de países e territórios desde o início da epidemia.

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