O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou hoje que a política orçamental deve assumir um papel central na mitigação do choque provocado pela pandemia da covid-19 na África subsaariana.
"A política orçamental terá que assumir um papel de ponta na mitigação do choque, reconduzindo as posições orçamentais a trajetórias de médio prazo compatíveis com a sustentabilidade da dívida após a superação da crise", lê-se num artigo de opinião assinado pelo diretor do departamento africano, juntamente com uma assessora.
No texto de Abebe Aemro Selassie e Karen Ongley, publicado no blogue do FMI, acrescenta-se que “transferências de rendimentos bem direcionados poderiam ser uma forma de ajudar indivíduos e famílias em dificuldades”.
"Sempre que possível, os governos devem considerar o apoio temporário direcionado aos setores mais atingidos, como o turismo", salientam, exemplificando que "o alívio tributário temporário, através de reduções ou diferimentos no pagamento de determinados impostos, poderia ajudar a suprir as necessidades de caixa das empresas afetadas".
Por outro lado, acrescentam, "a flexibilização da política monetária poderia complementar os esforços das finanças públicas, principalmente considerando que a inflação está na casa de um dígito na grande maioria dos países da região".
Para além disso, "medidas financeiras, como o fornecimento temporário de liquidez ou de garantias de crédito pelo banco central, poderiam ajudar a minimizar os transtornos para as empresas que tanto precisam de crédito e que enfrentam problemas de liquidez".
Para Selassie e Ongley, "o mais importante é que a África subsaariana não terá que enfrentar essa crise sozinha", lembrando que o FMI disponibilizou um conjunto de instrumentos financeiros a que os países podem recorrer, para além de ter proposto o perdão dos juros de dívida deste ano.
"O Fundo está disponibilizando 50 mil milhões de dólares em instrumentos de crédito de emergência de rápido desembolso, dos quais 10 mil milhões na forma de empréstimos em condições altamente concessionais destinados a países de baixa rendimento", exemplificam, assumindo que "os nossos países membros precisam de nós mais do que nunca".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O número de mortes causadas pela covid-19 em África subiu hoje para 73 com o número de casos acumulados a ultrapassar os 2.800 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia.