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Covid-19: Sociedade defende mecanismos protetores para doentes cardiovasculares

26-03-2020 11:37h

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) defendeu hoje que devem ser criados mecanismos protetores dos doentes cardiovasculares com dispensa de trabalho protegida e que seja garantido o seu isolamento social pelo menos no mesmo grau que os idosos.

Em comunicado, a SPC, que na quarta-feira promoveu um "encontro" que envolveu centenas de cardiologistas portugueses de países lusófonos onde o assunto foi abordado, chama a atenção para o facto de que o risco de mortalidade dos doentes cardiovasculares com covid-19 não tem sido devidamente valorizado.

De acordo com a SPC, os doentes com comorbilidades apresentam as maiores taxas de mortalidade, destacando-se a patologia cardiovascular (incluindo insuficiência cardíaca, cardiopatia isquémica incluindo antecedentes de enfarte do miocárdio, miocardiopatias, doença valvular grave).

“De facto, em 44.672 doentes chineses analisados, com taxa de mortalidade global de 2,3%, os doentes com doença cardiovascular apresentaram uma taxa de mortalidade de 10,5%, a que se seguiu um grupo de situações com taxas de mortalidade entre 6 e 7% (diabetes, doença respiratória crónica, hipertensão, cancro)”, é referido na nota.

A SPC sublinha que tem sido enfatizado a idade como fator de risco, mas “apenas o grupo etário com mais de 80 anos apresentou taxa mais elevada”.

O grupo etário de 70 a 79 anos apresentou taxa de mortalidade de 8%, segundo a Sociedade.

No entendimento dos cardiologistas, o risco associado à doença cardiovascular devia merecer mais atenção por parte das autoridades cujo destaque se tem concentrado na idade.

Por isso, consideram que deviam ser criados mecanismos protetores destes doentes com dispensa de trabalho protegida, garantido o seu isolamento social pelo menos no mesmo grau dos doentes idosos.

Outro dos temas abordado pelos cardiologistas é a de que o “risco associado a diversas doenças cardíacas não desaparece durante a epidemia e que, em consequência, os doentes de maior risco têm que prosseguir os seus tratamentos e ser adequadamente tratados nas fases agudas com destaque para os doentes com enfarte do miocárdio”.

Em Portugal, registaram-se 43 mortes, mais 10 do que na véspera (+30,3%), e 2.995 infeções confirmadas, segundo o balanço feito quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde.

Dos infetados, 276 estão internados, 61 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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