A Austrália está a apoiar o Laboratório Nacional de Timor-Leste para que, em breve, possa realizar testes verificados à covid-19 que, para já, ainda carecem de comprovação num laboratório de referência em Darwin, segundo responsáveis.
“O apoio tem sido importante para o fortalecimento das capacidades do nosso laboratório nacional”, disse hoje aos jornalistas a ministra interina da Saúde, Élia dos Reis Amaral.
Dois especialistas australianos estão em Timor-Leste apoiados pela Escola de Saúde Menzies, da Austrália, e pelo projeto LEAD, do Governo australiano, para ajudar a fortalecer as capacidades do laboratório em Díli.
Um dos especialistas, Joshua Francis, explicou hoje que se trata de ajudar a “estabelecer testes para resistência antimicrobial” e, nomeadamente, para a covid-19.
“Estou confiante que o laboratório poderá testar covid-19 em breve. Preparar tudo é um processo longo, mas estamos a trabalhar com a Austrália e a Organização Mundial de Saúde (OMS) para poder fazer os testes com êxito em Timor-Leste”, afirmou.
“Continuaremos a ter esse apoio para que os testes realizados aqui possam ser confirmados em Darwin e assim possamos ter mais confiança nos resultados. Darwin e Timor-Leste são amigos próximos há muitos anos e é bom podermos trabalhar unidos em momentos como este em que o mundo enfrenta uma crise”, referiu Francis.
O embaixador da Austrália em Díli, Peter Roberts, referiu que o apoio australiano abrange tanto equipamento como a formação de técnicos, numa ação coordenada com o Ministério da Saúde.
“É importante continuar a colaborar para ajudar na resposta de Timor-Leste à covid-19”, disse hoje durante a visita ao laboratório.
As autoridades timorenses estão atualmente a analisar opções que permitam garantir ligações aéreas, mesmo que menos regulares e eventualmente centradas mais na carga, entre Díli e Darwin, perante a possível suspensão dos voos da AirNorth entre as duas cidades.
“A situação dos voos é definitivamente um desafio. Estamos a fazer o possível e a trabalhar ao máximo enquanto ainda temos voos a operar”, explicou Josh Francis à Lusa.
“Estamos igualmente a trabalhar com a Austrália para ver opções de manutenção da conectividade para apoiar o processo de testes, talvez concentrando testes em menos voos”, referiu.
Em paralelo, disse, e ainda que o apoio de Darwin “esteja a ser crucial”, o principal foco do trabalho continua a ser de “reforço das capacidades instaladas” em Timor-Leste, nomeadamente no Laboratório Nacional.
Desde 2016 que a Escola de Saúde Menzies, da Austália – com o apoio do Governo australiano -, tem estado a trabalhar com o Laboratório Nacional em Díli, para reforçar em termos gerais a capacidade de diagnóstico de doenças infetocontagiosas.
Esse apoio foi intensificado nas últimas semanas para permitir ao laboratório estabelecer as capacidades de testes da covid-19 em Timor-Leste.
Os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) determinam que para garantia de qualidade, qualquer laboratório que seja usado para testes da covid-19 tem de ter os resultados de pelo menos 10 amostras negativas e cinco positivas comprovadas por um dos laboratórios de referência, neste caso o instalado no Darwin Hospital, no Território Norte da Austrália.
Até ao momento, Timor-Leste registou apenas um caso positivo tendo sido realizados 10 testes adicionais com resultados negativos.