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Covid-19: AMPorto “esclarecida” com explicação da tutela sobre “desvio” de ventiladores

LUSA
24-03-2020 16:49h

A Área Metropolitana do Porto (AMP) considerou hoje "suficiente e absolutamente razoável" a explicação dada pela tutela sobre o eventual "desvio" de ventiladores oferecidos pela Galp, admitindo que a petrolífera não terá indicado nenhum destino específico para a doação.

"Houve aqui talvez alguma presunção de que como a Galp está no Norte, automaticamente o donativo ficava no Norte. Mas aparentemente não existiu essa predisposição e a própria Galp até agora manteve-se em silêncio. Segundo o Ministério [da Saúde] não houve destinatário específico. E estes equipamentos não podem servir para enriquecimento dos hospitais, têm é de dar resposta às necessidades mais urgentes. Para mim isso é explicação suficiente e absolutamente razoável", disse à Lusa o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues.

No sábado, o Ministério da Saúde esclareceu que todos os mecenas, incluindo a Galp, têm liberdade de escolha sobre o destino das doações, isto depois da AMP ter anunciado que ia pedir uma clarificação sobre o "desvio" de ventiladores para Lisboa.

"Fui incumbido de clarificar junto do ministério esta situação e tentar, caso se confirme, repor os direitos da região Norte", afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, em declarações à Lusa na sexta-feira.

O presidente da AMP explicou que a denúncia tinha sido feita pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, numa reunião informal realizada com os autarcas do Grande Porto para discutir estratégias metropolitanas para lidar com o surto da covid-19 na região.

Segundo Eduardo Vítor Rodrigues, Rui Moreira tinha revelado que, de acordo com fonte do Hospital de Santo António, os ventiladores oferecidos pela Galp foram "desviados" para Lisboa pelo Ministério da Saúde.

Questionada pela Lusa, a Câmara do Porto que não quis fazer qualquer comentário.

A Lusa solicitou ainda esclarecimentos junto do Hospital de Santo António, mas também sem sucesso.

Já o Ministério da Saúde indicou que "todos os mecenas, incluindo a Galp, têm liberdade de escolha sobre o destino das doações que realizam" e que "apenas nos casos em que o destino não seja especificado será a tutela, baseada em critério técnicos e de necessidade, a escolher o destino das doações".

Questionado hoje sobre tema, Eduardo Vítor Rodrigues respondeu: "Estamos esclarecidos. Um mecenas tem a possibilidade de oferecer diretamente o que entender. A partir do momento em que dá ao Ministério, acho que temos de olhar para isto com uma lógica de política nacional".

"E o Ministério o que fez, a meu ver bem, foi distribuir por zonas que considerava prioritárias. A verdade não houve em nenhum momento falta de ventiladores nos hospitais do Norte", concluiu.

A Galp anunciou na sexta-feira que vai oferecer 29 ventiladores a hospitais públicos para ajudar a cuidar de doentes infetados com o novo coronavírus.

De acordo com uma nota de imprensa da empresa, a Galp desenvolveu, em articulação com entidades nacionais como a Direção-Geral da Saúde (DGS), o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), um pacote de medidas de apoio ao combate à covid-19.

No imediato, a Galp e a sua Fundação vão disponibilizar 29 ventiladores a hospitais do SNS numa tentativa de reduzir a escassez deste tipo de equipamentos, para utilização imediata.

Entre outras iniciativas, a Galp disponibilizou ainda com efeitos imediatos apoio em combustível aos veículos do INEM, incluindo as ambulâncias que transportam doentes infetados e as viaturas das equipas que se têm multiplicado nas deslocações para recolha domiciliária de amostras para análise.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Em Portugal, há 30 mortes, mais sete do que na véspera, e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista mais 302 casos do que na segunda-feira.

Dos infetados, 203 estão internados, 48 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

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