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Covid-19: Ativistas apelam ao Governo da Etiópia para não cortar acesso à Internet em altura de pandemia

LUSA
24-03-2020 14:00h

Ativistas de direitos humanos e cidadãos estão a apelar ao Governo da Etiópia para que abra o acesso à internet, que está em baixo em vários pontos do país, evitando deixar milhões de pessoas sem informações sobre a covid-19.

O encerramento da internet e das linhas telefónicas na Oromia Ocidental e em partes da região de Benishangul Gumuz está a acontecer precisamente na altura em que estão a decorrer operações militares contra as forças rebeldes na região.

"Os residentes dessas zonas estão, assim, a receber informações muito limitadas sobre o coronavírus", disse à agência de notícias Associated Press Jawar Mohammed, um político que se tornou ativista.

A Etiópia revelou o seu primeiro caso de infeção por covid-19 a 13 de março e neste momento já tem 12 infetados confirmados.

As autoridades têm divulgado as atualizações dos números sobre a pandemia, principalmente online.

As fronteiras terrestres do país já foram fechadas e a companhia aérea nacional, a Ethiopian Airlines, deixou de voar para cerca de 30 destinos em todo o mundo.

No último domingo, um representante do partido no poder na região de Oromia, Taye Dendea, fez uma publicação na rede social Facebook a dizer que "turistas e outros estrangeiros não estão a viajar para estas áreas por causa do problema de segurança que existe, então há poucas hipóteses de o vírus chegar lá".

A organização não-governamental internacional Human Rights Watch disse que milhões de etíopes não estão a ter acesso a informações oportunas e precisas.

"É louvável que [o primeiro-ministro da Etiópia] Abiy [Ahmed] se encarregue de gerir todo o esforço de prevenção do coronavírus no continente africano, mas não deve ignorar as necessidades dos que estão dentro do seu próprio país", acrescentou.

Yohannes Tessema, uma figura política da região de Benishangul Gumuz, disse que tanto a internet quanto as linhas telefónicas estão cortadas em alguns locais e é difícil passar informações sobre a pandemia de covid-19 para os residentes nesses locais.

"Nunca tivemos cortes tão prolongados no passado. As pessoas nestas áreas não estão a receber atualizações muito necessárias da informação, e isso é perigoso", reforçou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.

O continente africano registou mais de 50 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 1.700 casos em 45 países e territórios, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia da covid-19.

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