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Serviços para infeções sexualmente transmissíveis reestruturados para ampliar resposta - DGS

LUSA
27-11-2025 07:00h

Os serviços de saúde dedicados às infeções sexualmente transmissíveis vão começar a ser restruturados em 2026, com novas consultas, rastreios e maior acesso à Profilaxia Pré-Exposição ao VIH, visando prevenir infeções e reduzir diagnósticos tardios, anunciou hoje a DGS.

Em declarações à agência Lusa, a nova diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH/Sida (PNISTVIH), Bárbara Flor de Lima, destacou a necessidade de reorganizar a resposta no terreno face ao aumento crescente de utilizadores de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e à elevada proporção de diagnósticos tardios.

O relatório “Infeção por VIH - 2025”, hoje divulgado, indica que Portugal registou menos casos de infeção por VIH em 2024, totalizando 997, mas cerca de 54% dos diagnósticos ocorreram tardiamente, sobretudo entre homens heterossexuais com 50 ou mais anos.

O documento assinala também o aumento no número de pes­soas abrangidas pela PrEP, descrita como uma “importante estratégia de prevenção”, tanto em contexto de dispensa hospitalar, como através de prescrição e dispensa nas farmácias comunitárias, maioritariamente entre homens e homens que fazem sexo com homens.

Elaborado pela DGS e pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), o relatório defende a necessidade de alargar o número de consultas nos cuidados de saúde primários e nas organizações de base comunitária, afirmando que “só deste modo, será possível aumentar o acesso, a cobertura e os contextos de prescrição da PrEP, com impacto na redução do número de novas infeções por VIH”.

Bárbara Flor de Lima disse que o crescimento do número de utilizadores justifica uma reorganização mais ampla dos serviços, não apenas da PrEP, mas também do diagnóstico das IST e da saúde sexual.

A diretora do programa reconheceu que tem havido atraso no acesso às primeiras consultas, particularmente a nível hospitalar, cuja capacidade de expansão está próxima do limite.

Por isso, explicou, a reestruturação incluirá a criação de novas consultas nos cuidados de saúde primários, para melhorar o acesso, reforçar o rastreio das IST e do VIH e garantir “maior testagem”.

Questionada sobre o calendário da reestruturação, Bárbara Flor de Lima considera possível avançar já em 2026, explicando, contudo, que o ritmo dependerá da organização interna de cada unidade local de saúde e da articulação com as estruturas comunitárias, um processo que poderá levar tempo até estar plenamente implementado.

Ainda assim, garante que “poderá ser iniciada a muito curto prazo”, salientando que algumas unidades já começaram a organizar-se e a implementar consultas multidisciplinares neste âmbito.

A infecciologia observou que a criação das unidades locais de saúde traz a oportunidade de integrar os cuidados de saúde primários e estruturas comunitárias em projetos conjuntos, permitindo “uma resposta mais efetiva” nesta área.

Com esta reestruturação, resumiu, prevê-se “uma melhor capacidade de resposta e também de acesso a testagem, aconselhamento, rastreio”, assim como “diminuir ainda mais o número de novos casos” e contribuir para a redução da proporção ainda elevada de diagnósticos tardios.

O objetivo é aproximar Portugal da meta da ONUSida 95-95-95: Diagnosticar 95% das pessoas com VIH, tratar 95% das diagnosticadas e garantir carga viral suprimida em 95% das tratadas, idealmente antes de 2030.

Segundo o relatório, em 2024, foram realizados cerca de 68.000 testes rápidos para VIH em diversas estruturas de saúde e comunitárias, assim como a prescrição e realização de mais de 625 testes no âmbito dos cuidados de saúde primários e hospitalares do SNS, verificando-se uma diminuição no número de testes rápidos realizados comparativamente a 2023.

Foram ainda dispensados 5.659 autotestes, mantendo a tendência crescente no número de autotestes dispensados anualmente pelas farmácias comunitárias.

No ano passado, foram também distribuídos, através do PNISTVIH, mais de 6,6 milhões de preservativos externos e internos e mais de um 1,8 milhões de embalagens de gel lubrificante.

O Programa Troca de Seringa permitiu a distribuição de mais de 960.000 seringas em 2024, totalizando cerca de 66 milhões entre a população de utilizadores de drogas injetadas, desde a sua implementação.

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