As associações empresariais de Lousã, Miranda do Corvo, Vila Nova de Poiares e Penela, no distrito de Coimbra, temem que a crise provocada pela pandemia da covid-19 leve ao encerramento de grande parte das microempresas, foi hoje anunciado.
"Se nada for feito, veremos o fim de grande parte das microempresas, que representam mais de 80% do tecido empresarial em Portugal (empresas com menos de 10 funcionários e até dois milhões de euros de volume de negócios), e tememos que de seguida também se verifique o fim das de pequena e média dimensão", referem as quatro estruturas, em comunicado enviado à agência Lusa.
Para a Associação Empresarial Serra da Lousã, Associação Empresarial de Poiares, Clube de Empresários de Miranda do Corvo e Núcleo Empresarial de Penela, as medidas económicas anunciadas pelo Governo para responder à crise não "irão salvar as empresas e os seus postos de trabalho".
As empresas "precisam de liquidez de imediato e, nesse sentido, foi um erro a cobrança do IVA mensal a 15 de março, apesar de dizer respeito ao período anterior".
"Foi um absurdo anunciar-se o adiamento do pagamento da Segurança Social de 20 de março, só no dia 19, pelo tratamento desigual que revelou", consideram.
"O que nos deixa ainda mais incrédulos é o facto de que, quando os bancos têm falta de liquidez, somos todos chamados a contribuir. O BCE em 2008 injetou no setor bancário cerca de 95 mil milhões de euros", acrescentam.
As quatro estruturas entendem que o Governo deveria avançar para um "’layoff’ simplificado, sem referência a dois meses de quebra de faturação, e assumidos os custos com remunerações a 100%, através do fundo de compensação".
Defendem moratórias imediatas para rendas de lojas fechadas, com compensação fiscal aos senhorios, nas prestações bancárias, nos serviços relacionados com consumo de água, energia, comunicações e nos impostos.
Nas medidas propostas, consta também o "pagamento imediato, pelo Estado, das dívidas atrasadas a fornecedores, com compromisso destes de usarem este dinheiro para pagar fornecedores e funcionários".
As associações propõem que o Estado injete na economia os apoios já aprovados e outras medidas do IEFP (antecipar os pagamentos), forneça os valores de todos os pedidos de pagamento já efetuados ao abrigo dos programas do Portugal 2020 e implemente prémios de execução, a fundo perdido na ordem dos 50%, para metas de manutenção e criação de emprego.
Por último, defendem medidas efetivas para o turismo e manutenção dos seus postos de trabalho, e para o comércio a retalho e por grosso de bens não essenciais que deixaram de escoar os produtos.
"O Governo deve deixar-se de medos para assumir que estamos em estado de emergência e que é necessário injetar dinheiro na economia", sublinham.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro de 2019, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde.
Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.