O Conselho de Segurança das Nações Unidas, que já não se reúne há 11 dias, está dividido quanto ao projeto de declaração sobre o novo coronavírus, bem como sobre as reuniões virtuais, às quais a Rússia se opõe.
Sobre o texto de resolução, “a África do Sul opôs-se primeiro, China e Rússia apresentaram emendas, mas também o bloquearam depois”, contou um diplomata, que pediu à agência francesa AFP para não ser identificado.
Outras fontes ouvidas pela AFP confirmaram que o projeto está num impasse, apontando o bloqueio aos mesmos: África do Sul, China e Rússia.
Proposto no final da semana passada pela Estónia, o projeto de declaração, a que a AFP teve acesso, sublinha uma “preocupação crescente” face à pandemia de Covid-19, que “poderá constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais”.
O projeto refere ainda a necessidade de “ajudar os mais expostos e vulneráveis ao vírus e as populações que vivem em situações humanitárias catastróficas".
O texto apela ainda à "cooperação política e económica", em ambiente de “transparência”, numa alusão às críticas dos Estados Unidos dirigidas à China, onde o surto do novo coronavírus começou, em dezembro.
“Nenhum país conseguirá [vencer a pandemia] sozinho”, realça a declaração, de uma página, que considera que a busca de uma vacina deve ser a prioridade.
Para ser adotada, a declaração precisa de ser aprovada por todos os 15 membros do Conselho de Segurança.
Na sequência do recurso global ao teletrabalho, e ainda que s sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, permaneça oficialmente aberta, o Conselho de Segurança, atualmente presidido pela China, não se reúne desde 12 de março.
A Rússia tem rejeitado, desde então, a sugestão dos restantes membros do Conselho de Segurança para começar a realizar reuniões virtuais, através de videochamada.
“Somos pela presença física e duvidamos que as reuniões possam acontecer doutra maneira”, disse à AFP o embaixador russo junto das Nações Unidas, Dmitr Polyanskiy.
Todas as reuniões da semana passada foram anuladas, bem como as que estavam agendadas para esta semana, sobre a Síria e a Líbia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.