SAÚDE QUE SE VÊ

COVID-19: Ajudar quem precisa

CANAL S+ FF
23-03-2020 20:47h

Perante a pandemia da COVID-19, todos os dias sucedem-se os gestos e as iniciativas de solidariedade em Portugal, com cidadãos a oferecerem a sua ajuda ao próximo.

Cátia deixou um anúncio, à entrada do prédio onde vive, oferecendo-se para fazer compras e pequenos recados aos vizinhos. A ideia surgiu quando percebeu que haveriam outras pessoas, como a avó e a sogra, fechadas em casa, sem meios ou saúde, incapazes de realizarem tarefas como ir ao supermercado. “Acho que, se nós jovens, fizermos isto com quem mora ao nosso lado ou do outro lado da estrada, podemos ajudar muita gente”. Cátia Peres, tem 25 anos, está em casa depois de a loja de telecomunicações onde trabalha, na Margem Sul, ter encerrado para quarentena. O seu palpite estava certo e já foi contactada por dois vizinhos. “Prefiro sair de casa e ajudar estas pessoas, que são um grupo de risco, não só nas compras mas com qualquer coisa que precisem e que eu tenha em casa. Tenho a maior atenção, ando com alcool gel no bolso, tenho toalhitas com alcool na mala, e uso mascara e luvas cada vez que vou às compras ou fazer entregas, que deixo a uma distância de dois metros, e vou embora”.

Claudia Silva foi mais longe e publicou um anúncio nas redes sociais, oferecendo-se para lavar e tratar da roupa dos profissionais de saúde, na zona de Tomar. “A ideia surgiu quando estava a passar a ferro algumas peças dos de cá de casa”. O objectivo? Minimizar o cansaço de quem trabalha e de quem todos precisamos.” Ajudo os que não têm tempo pois estão a ajudar-nos de outra maneira. Os nossos médicos e pessoal dos serviços de saúde são uns heróis.” O anúncio, ainda com poucas horas, não obteve nenhuma resposta mas Cláudia,  assistente numa empresa de aparelhos auditivos, não desanima e vai desenhando um plano eficaz e seguro. “Claro que terei muito cuidado em recolher as roupas, vou usar luvas individuais e meter a roupa diretamente na máquina”.

Muitos são os serviços gratuitos que vão surgindo em várias publicações, individuais ou em grupo. A psicóloga Isabel Viamonte Brito terminou a primeira semana de aconselhamento psicológico, “para que todos tivessem igual acesso à saúde mental”.

A receptividade veio provar que a sua ideia era “extremamente crucial”. Recebe centenas de mensagens e muitos comentários que lhe agradecem o gesto. Em média, responde a 100 por dia. “A grande maioria das pessoas refere estar muito ansiosa e com medo”. Pessoas perdidas. Professores, doentes de risco, pais que a questionam como gerir as crianças isoladas em casa. Também farmacêuticos, funcionários de supermercados, camionistas, todos me dizem que sabem que têm de trabalhar para que não nos faltem bens de necessidade e medicação, no entanto, todos me dizem que preferiam ficar em casa, para segurança dos mesmos e das suas famílias”.

Nos emails que envia, a psicóloga deixa estratégias para lidar com a ansiedade, os contactos da Saúde24 e a etiqueta respiratória e higiénica que todos devem seguir, terminando sempre com a mensagem de que é imperativo ficar em casa. “As pessoas agradecem, desejam-me boa sorte e boa saúde. Globalmente, acho que as pessoas se sentem mais apoiadas e seguras depois de receberem o meu email. Termino sempre com uma frase de motivação”. 

 “Devemos ter especial atenção à saúde mental dos portugueses”, diz. “tento sempre explicar como gerir a ansiedade e como ajudar crianças e seniores neste momento e envio exercícios de relaxamento escritos por mim”. Em anexo nos e-mails que devolve, seguem, também, os contactos da Saúde24 e a etiqueta respiratória e de higiene, salientando sempre que “o nosso dever é ficar em casa”.

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