A Associação Comercial e Industrial de Gondomar (ACIG) exigiu hoje, em carta aberta ao Governo, que sejam tomadas medidas de apoio às pequenas empresas, com o presidente da instituição a apontar para "grandes percentagens de falências" devido à covid-19.
"Não há dúvida, pelo pequeno balanço que consegui fazer até aqui, que mais de 30% das empresas do concelho já decidiram fechar e 20 a 30% estão na expectativa. Mas isto, prolongando-se a situação atual, levará a percentagens muito grandes de falências caso o Governo não tome medidas", referiu o presidente da ACIG, Graciano Martinho, em declarações à Lusa.
Já na carta que esta associação de Gondomar, no distrito do Porto, enviou ao Governo lê-se: "Tememos que pela falta da adoção das necessárias medidas se venha a instalar um caos económico e social incontrolável e o consequente agravamento do desemprego".
Assim, a ACIG pede ao executivo de António Costa que este "não fique indiferente à situação de crise social e económica atual causada pelo covid-19" e que "num momento particularmente difícil" seja sensível ao facto das empresas estarem a ser "fortemente penalizadas", prevendo, acrescenta a carta, "um maior agravamento num futuro próximo com a redução progressiva da atividade económica.
A ACIG pede à tutela que "num período nunca inferior a três meses" entre outras propostas considere isentar da Taxa Social Única (TSU) das micro e pequenas empresas, bem como pondere a isenção do pagamento de água e eletricidade.
Outro dos pedidos é a suspensão do pagamento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) do primeiro trimestre até final de junho deste ano.
A associação de Gondomar alerta ainda que, do seu ponto de vista, a "grande maioria de empresas em nome individual, micro e pequenas empresas não reúnem as condições para aceder aos apoios estabelecidos na Portaria 71-A/2020 de 15 de março", o que pode culminar "no seu encerramento, com claro reflexo no agravamento do desemprego".
Em causa está a portaria publicada em Diário da República que, conforme se lê na síntese da mesma, "define e regulamenta os termos e as condições de atribuição dos apoios imediatos de caráter extraordinário, temporário e transitório, destinados aos trabalhadores e empregadores afetados pelo surto do vírus covid-19, tendo em vista a manutenção dos postos de trabalho e mitigar situações de crise empresarial".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.