O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses criticou hoje a falta de informação sobre o número de profissionais no distrito de Viana do Castelo infetados com covid-19 e defendeu que a população deve ter "conhecimento" da "dinâmica" da doença.
"Neste momento, em relação ao distrito de Viana do Castelo, tenho tido contactos com os colegas que estão aí e não temos ainda informação sobre enfermeiros infetados, em quarentena ou em isolamento profilático. Seria bom que não existissem, mas estamos em crer que devem existir", afirmou hoje Guadalupe Simões, da direção nacional do Sindicato de Enfermeiros Portugueses (SEP).
Em declarações por telefone à agência Lusa, Guadalupe Simões disse que "ainda hoje o SEP questionou as autoridades de saúde sobre o número de casos de enfermeiros porque, sistematicamente, esse número não é dado".
"Só são dados os casos de médicos e, portanto, vamos ter de tomar essa iniciativa na perspetiva de que é importante conhecer o número de pessoas infetadas, nomeadamente as que, nesta fase, estão a ser acompanhadas em casa", referiu.
Questionada sobre se a falta de informação se verifica noutros distritos do país respondeu: " Dos outros distritos, apesar de tudo, vamos tendo algum conhecimento. Ainda hoje recebi informação do que se está a passar em Braga, o número de infetados que estão a ser acompanhados por cada um dos centros de saúde e, de Viana do Castelo, não tenho essa informação".
Guadalupe Simões defendeu que, "tal como o Ministério da Saúde tem vindo a assumir, a transparência nesta situação evitaria até possíveis boatos e seria determinante para que os órgãos de comunicação social e os próprios profissionais de saúde tivessem conhecimento da dinâmica da doença em cada um dos distritos".
"Até para as pessoas terem a noção de qual é a dinâmica da doença na comunidade. Por parte do próprio Ministério da Saúde, nas conferências de imprensa, são divulgados os números divulgados de cada Administração Regional de Saúde (ARS). Ao nível das populações locais esses números não são dados e, naturalmente, entendo que deveriam ser transmitidos", sustentou, admitindo que, nesta altura, essa é a "menor" preocupação dos enfermeiros.
Guadalupe Simões avançou que uma das "maiores preocupações" prende-se com "a falta de equipamentos de proteção individual e de máscaras nos centros de saúde".
"Estão todos a cuidar das pessoas com potenciais riscos, uma vez que o vírus já está na comunidade", explicou.
Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infeções confirmadas.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.