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Covid-19: Plano distrital de emergência ativado em Vila Real

23-03-2020 18:38h

A Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) de Vila Real decidiu hoje ativar o plano de emergência distrital devido à pandemia da covid-19, para uma “melhor coordenação” e capacidade resposta a nível de equipamento e material.

O presidente da comissão distrital e da Câmara de Boticas elencou à agência Lusa as preocupações que estiveram na origem da ativação do plano, uma decisão aprovada por unanimidade.

“Primeiro é a coordenação com todos os organismos, porque há falta de informação dos vários órgãos”, salientou.

O responsável apontou ainda a “falta de equipamento de proteção individual dos bombeiros e dos operacionais de saúde, bem como a falta de material nas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)”.

Segundo o autarca, a Comissão será “exigente” para que o material em falta chegue ao território, de forma consertada, e seja entregue a quem mais necessita.

“Não é cada um por si. Sabemos que há corpos de bombeiros e IPSS que estão em completa rotura, com falta de material”, frisou.

Hoje mesmo foi reportada uma situação de um utente infetado com covid-19 num lar da cidade de Vila Real, estando o doente internado no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD).

“Estão a ser tomadas medidas. Estão a ser feitos os testes no lar”, explicou.

Fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte confirmou que a situação está a ser acompanhada pela Autoridade de Saúde Pública local e confirmou que foram realizados testes a utentes e funcionários.

Outra questão que, segundo Fernando Queiroga, justifica a ativação do plano é a dos emigrantes que entraram no território nas últimas semanas, considerando que, nesta situação se está a atuar "tardiamente".

“Nós, câmaras municipais, estamos a fazer isso agora com os nossos presidentes de junta e estamos a reencaminhar a informação para o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) para ser reencaminhado para cada posto da GNR ou PSP, para irem confirmar que, quem chega ao território, tem de ficar em isolamento profilático”, referiu.

A ARS do Norte determinou na sexta-feira o isolamento profilático de 14 dias para todos os cidadãos que regressem do estrangeiro, independentemente da nacionalidade e país de origem, para a contenção do risco de contágio da Covid-19.

O presidente elencou ainda uma preocupação colocada pelo autarca de Ribeira de Pena a propósito dos trabalhadores transnacionais das barragens do Alto Tâmega, o qual vai ser reportado ao Ministro da Administração Interna.

“A lei é clara, quem vem de fora do país tem que ficar em isolamento durante 14 dias e não está a ser cumprida, isto é um contrassenso”, frisou Fernando Queiroga.

Em comunicado divulgado na sexta-feira, o presidente do município de Ribeira de Pena, João Noronha, disse ter apelado à empresa espanhola, responsável pela construção do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), “para a tomada de medidas rigorosas para evitar a importação de possíveis casos de covid-19 de Espanha e o potencial contágio em obra”, tendo pedido mesmo “a suspensão dos trabalhos”.

O SET inclui a construção das barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega, onde, segundo os últimos dados fornecidos pela Iberdrola, trabalham cerca de 1.800 pessoas.

Contactada pela agência Lusa, a Iberdrola adiantou que elaborou um plano de contingência para fazer face à pandemia no âmbito das obras e garantiu estar “atenta, sensível e reativa a todos os eventos e desenvolvimentos relacionados” com o novo coronavírus.

O pedido de ativação do plano distrital vai ser ainda hoje remetido ao Ministro da Administração Interna para validação.

Segundo Fernando Queiroga, a Comissão Distrital irá passar a reunir pelo menos uma vez por semana, às quartas-feiras, para fazer “pontos de situação e coordenar com os vários organismos”.

A Comissão integra, entre outros elementos, o Comandante Operacional Distrital da Autoridade Nacional de Proteção Civil, responsáveis pelas forças e serviços de segurança existentes no distrito, bem como representantes da área da Saúde.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde.

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