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Hospital de Vila Franca de Xira gasta 6ME por ano em camas para internamentos sociais

Lusa
22-12-2025 12:28h

O Hospital de Vila Franca de Xira tem mais de 80 camas contratualizadas para doentes que já tiveram alta clínica, num investimento superior a seis milhões de euros por ano, revelou hoje o presidente do conselho de administração.

Nuno Cardoso explicou aos jornalistas, no final de uma visita da ministra da Saúde à unidade hospitalar, que estes doentes estão ainda internados, mas fora do hospital, porque não foi encontrada solução nem em lares nem na rede nacional de cuidados continuados integrados.

"A ULS [Unidade Local de Saúde] tem contratualizadas 88 camas na comunidade para doentes que constituem casos sociais ou a aguardar colocação na rede [de cuidados continuados]. É quase outro hospital", explicou o responsável, acrescentando que esta situação implica uma despesa de 6,3 milhões de euros/ano.

Nuno Cardoso sublinhou a necessidade de toda a rede de cuidados continuados funcionar em pleno, de forma solidária: "Uma cama no hospital é para doentes com a situação aguda. Todas as camas ocupadas por doentes já com alta clínica, o pior sítio onde podem estar é neste espaço".

No final da visita, Ana Paula Martins reconheceu a falta de meios no Hospital de Vila Franca de Xira, assim como a necessidade de maior literacia na população, sobretudo para interpretar os tempos de espera nas urgências.

A ministra explicou que os tempos de espera que interessam para o doente são o que medeia entre a chegada e a triagem e, depois da triagem, o tempo até à primeira observação por um médico.

A governante sublinhou que é normal que depois disso o doente esteja oito, 10 ou até mais horas a fazer exames e análises e à espera dos resultados.

"Este tempo de observação mostra também a complexidade dos doentes que temos", acrescentou.

Questionada pelos jornalistas sobre a tolerância de ponto no dia 26, reconheceu que, na Saúde era impossível que o dia pudesse ser gozado por todos os profissionais para se dar resposta aos doentes, mas garantiu que os profissionais de saúde também terão direito a ela.

"A tolerância de ponto, no caso da saúde, teve que ser tratada de uma maneira diferente, através de despacho próprio, não só por causa da urgência, mas, acima de tudo, por causa daquilo que são os internamentos, porque, tendo em conta que o dia 26 é uma sexta-feira, não podemos ter doentes que, podendo ter alta clínica, ficam estacionados no hospital", disse.

Ainda sobre a tolerância de ponto, Ana Paula Martins afirmou que uma grande parte dos profissionais de saúde que estarão a trabalhar nesse dia tirarão o dia depois, mas "só vão poder tirar, em muitos casos, quando pudermos dar-lhes esse dia": "Não podemos fechar os serviços e não estar aqui para receber aqueles que precisam de nós. E não estou a falar só da urgência e do internamento, estou a falar das cirurgias e estou a falar das consultas que estão programadas nos centros de saúde".

Devido aumento dos casos de gripe, assumiu que as próximas semanas vão ser complicadas para os hospitais: "sabemos que temos agora uma semana pela frente, vamos ver as próximas, com muito frio. Sabemos que há muitas medidas e temos apelado (...) e a Direção-Geral de Saúde também já fez um pequeno filme, que está a circular nas redes sociais, a pedir exatamente para protegermos os mais velhos e os mais vulneráveis".

Disse que vários hospitais já ativaram os planos de contingência e que a ativação destes planos "é uma decisão da administração de cada ULS" e que alguns já interromperam, quando precisaram, a atividade cirúrgica programada.

Questionada sobre os constrangimentos na Linha Saúde 24, disse não poder garantir que estavam resolvidos e que na semana passada cerca de 70% das chamadas foram atendidas na Linha SNS24 "dentro do tempo que está destinado" segundo o serviço contratualizado com a Altice, reconhecendo que a operadora "está afazer um grande esforço".

"Estamos a melhorar essa capacidade, e esperamos chegar ao Natal (...) e depois passar as oito semanas que antecipamos serem as semanas mais difíceis, com um aumento desta capacidade", acrescentou.

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