Angola registou 21.000 novas infeções por VIH e 13.000 mortes relacionadas com a sida, em 2024, e tem uma taxa de prevalência de 1,6%, divulgaram hoje instituições angolanas ligadas ao combate à doença.
Numa mensagem alusiva ao Dia Mundial de Luta contra a Sida, o presidente da ANASO - Rede das Organizações de Serviços de SIDA, Tuberculose e Malária, António Coelho, disse que o financiamento externo está a diminuir, defendendo que Angola aumente a mobilização de recursos domésticos para reduzir a dependência de doares internacionais.
António Coelho avançou que, apesar dos avanços, regista-se “uma situação complicada”, frisando que “existem serviços que estão a falhar e desigualdades que estão a crescer”.
“Mas há também inovação e esperança para transformar a resposta ao VIH/Sida em Angola”, referiu.
O responsável salientou ainda que, conforme os dados disponíveis, Angola tem cerca de 380 mil pessoas a viver com VIH, sendo que 71% destas conhecem o seu estado serológico e cerca de 50% faz terapia antirretroviral.
As províncias com maior prevalência são a Lunda Norte e a Lunda Sul, com mais de 4%, o Cunene com 3%, o Cuando Cubango e Moxico com cerca de 2,5%.
“O nosso apelo é claro, só vencendo os desafios podemos fortalecer a resposta ao VHI/Sida em Angola. Para isso precisamos de priorizar e integrar, ou seja, testar mais e tratar mais cedo, precisamos sobretudo de enquadrar a sida nos cuidados primários de saúde e criar condições para aproximar os serviços das pessoas, o que vai permitir salvar vidas e alcançar as metas de 2030”, realçou.
O presidente da ANASO disse que esta organização tem contribuído para uma resposta eficaz no contexto angolano, que deve ser multissetorial e multidisciplinar, abrangente e sensível às realidades locais, com ações viradas para a educação e sensibilização comunitária, promoção do acesso ao preservativo, testes voluntários e aconselhamento, acompanhamento às pessoas vivendo com o VIH, apoio à população chave e vulneráveis, empoderamento das mulheres e igualdade do género.
Segundo António Coelho, é preciso combater o estigma e a discriminação associada ao VIH, “que continua elevado e que leva à fuga dos serviços de saúde, à interrupção ao tratamento e aumenta o isolamento social”.
“A sida não vai acabar só com políticas, é preciso coragem, parcerias saudáveis e compromisso e por essa razão, devemos aproveitar este Dia Mundial da sida como uma oportunidade de lembrar a importância do compromisso”, disse, lamentando que com 30 anos de existência a ANASO não é ainda uma instituição de utilidade pública, o que limita a sua disponibilidade financeira.
A diretora do Instituto Nacional de Luta contra a Sida (INLS), Lúcia Furtado, numa nota divulgada pelo Ministério da Saúde, disse que Angola tem consolidado a sua resposta ao VIH ao longo de 35 anos, alinhando-se às orientações internacionais e reforçando sucessivamente os seus planos estratégicos nacionais.
Lúcia Furtado sublinhou que o país apresenta atualmente uma prevalência estimada de 1,6%, uma das mais baixas da África subsariana, segundo dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde 2024-2025.
De acordo com a diretora do INLS, a prevenção da transmissão de mãe para filho tem uma cobertura de tratamento em gestantes que atinge 79%, valor acima da média global (76%).
Lúcia Furtado também sublinhou que para o alcance das metas até 2030 é preciso superar os desafios de financiamento, barreiras culturais e legais, o estigma e a discriminação, além de lacunas no acesso ao diagnóstico e ao tratamento.