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Mais de 116 mil pessoas iniciaram tratamento a VIH no 1.º semestre em Moçambique

LUSA
27-11-2025 10:30h

Pelo menos 116.043 moçambicanos com VIH iniciaram tratamento antirretroviral (TARV) no primeiro semestre, incluindo 5.830 crianças, segundo informação do gabinete parlamentar de prevenção e combate ao VIH/Sida, apresentada hoje na Assembleia da República.

“Nos cuidados e tratamentos, cerca de 116.043 pessoas vivendo com VIH iniciaram TARV, das quais 5.830 eram novos inícios pediátricos e 110.213 novos inícios adultos”, disse a presidente do gabinete, a deputada Zainaba Andala, ao apresentar a informação aos deputados.

Segundo este gabinete, a cobertura geral do TARV em relação a pessoa vivendo com VIH até junho deste ano foi de 82%, abrangendo mais de dois milhões de pessoas, sendo pouco mais de 97 mil em crianças de 0 a 14 anos, pouco mais de 116 mil em adolescentes dos 10 aos 19 anos e mais de 1,9 milhões em adultos que estavam já em tratamento.

No mesmo documento refere-se que foram realizados pouco mais de cinco milhões de novos testes de VIH no primeiro semestre deste ano, uma redução de 12,3% em relação ao mesmo período de 2024.

“A diminuição pode estar relacionada" com a "suspensão temporária das atividades ocorrida nos meses de março e maio, o que afetou significativamente a capacidade operacional dos principais parceiros envolvidos no apoio da componente de aconselhamento e testagem em saúde”, disse a deputada, apontando igualmente para os protestos pós-eleitorais entre as causas da redução da testagem.

Moçambique é o terceiro país no mundo com mais pessoas com VIH e o segundo em termos de novas infeções, com prevalência de 12,5% em adultos com mais de 15 anos, sendo a mais alta em mulheres (15%) do que em homens (9,5%), segundo dados divulgados hoje.

De acordo com o documento, Moçambique conta com uma estimativa de 2,3 a 2,6 milhões de pessoas a viver com VIH, incluindo 125.000 a 170.000 crianças.

O gabinete parlamentar de prevenção e combate ao VIH/Sida indica que a prevalência do VIH continua alta em mulheres trabalhadoras de sexo (24%), transgéneros e que injetam drogas (45,8%) e reclusos (24%), além de adolescentes e mulheres jovens, trabalhadores móveis e migrantes, motoristas de longa distância e casais sero-discordantes.

Para este gabinete, a pobreza, baixa renda, desemprego, desigualdades de género e violência baseada no género continuam entre os fatores que desafiam a resposta eficaz ao VIH, defendendo reformas legislativas para alinhar o quadro normativo com os princípios de saúde pública, direitos humanos e justiça social, criando um ambiente legal favorável à prevenção, tratamento e inclusão de pessoas afetadas.

“A consolidação da resposta ao VIH dependerá, nos próximos anos, de uma abordagem integrada que combine sustentabilidade financeira, reformas legais progressistas, reforço de barreiras sociais e fortalecimento institucional multissetorial”, disse a deputada.

O parlamento moçambicano admitiu desafios que o país ainda enfrenta para controlar a doença, pedindo ao Governo ações concretas.

“Embora o país tenha registado avanços nos últimos anos, persistem desafios para o controlo da epidemia de VIH, o que mostra a necessidade de esforços conjuntos, concertados e o envolvimento de todos os atores para melhorar o desempenho e resposta nacional rumo ao alcance das metas”, disse a deputada Zainaba Andala.

Nas mesmas declarações, o gabinete apontou avanços na redução da mortalidade devido ao VIH, a incidência de novas infeções e na transmissão vertical do vírus.

“No entanto, a sustentabilidade desses avanços permanece como um dos maiores desafios, especialmente em contexto de desigualdades regionais e barreiras aos serviços de saúde por parte das populações mais vulneráveis a par da dependência de financiamento externos”, acrescentou a deputada.

O número de mortes por VIH/Sida em Moçambique manteve-se em cerca de 44.000 em 2024, segundo dados oficiais divulgados em 13 de novembro e que estimam ainda 92 mil novas infeções, caindo para quase metade em 15 anos.

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