O candidato presidencial João Cotrim Figueiredo considerou hoje que o pacto para a saúde apresentado por António José Seguro não serve “para absolutamente nada” e limita-se a dizer “gosto do que é bom, não gosto do que é mau”.
“Sugiro que o leiam. Faz parte daquele tipo de documentos que é ‘eu gosto do que é bom, não gosto do que é mau’. Por amor de Deus, aquilo não é solução para absolutamente nada”, criticou João Cotrim Figueiredo em declarações aos jornalistas num hotel em Lisboa, onde se realizou a primeira reunião da sua comissão de estratégia política, intitulada “Horizonte 2031”.
O candidato presidencial, apoiado pela IL, reagia ao pacto para a saúde entregue esta segunda-feira por António José Seguro ao líder do Chega, André Ventura, num debate televisivo. Seguro indicou que tencionava entregá-lo a todos os líderes partidários.
João Cotrim Figueiredo considerou que um Presidente da República não deve tomar a iniciativa de escrever pactos, defendendo que isso cabe aos partidos e aos governos, “a quem compete tomar decisões executivas e legislar”, enquanto ao Presidente da República “cabe criar condições para que isso exista”.
“E eu já disse várias vezes: os pactos só são bons quando se sabe para onde se quer. Um pacto para alguma coisa que não tenha inutilidade ou, pior, tenha até inutilidade… Acho que não vale a pena”, defendeu.
Entre as críticas que deixou ao pacto para a saúde apresentado por António José Seguro, Cotrim Figueiredo frisou que o documento defende a necessidade de se digitalizar o sistema da saúde, perguntando em “que é que isso resolve concretamente os problemas” que se verificam diariamente em Portugal.
“Vamos ter mais médicos? Vamos ter melhor organização dos serviços de urgência? Vamos ter melhor capacidade de fazer cirurgias? O problema não está aí”, disse, salientando que é o único candidato presidencial que tem uma proposta apresentada e publicada sobre o tema, referindo-se à reforma de lei de bases da saúde apresentada pela IL em 2023, quando João Cotrim Figueiredo liderava o partido.
João Cotrim Figueiredo falava aos jornalistas após a reunião da sua comissão de estratégia política, integrada por algumas personalidades que já declararam apoio à sua candidatura, como o antigo vice-presidente do Tribunal Constitucional Gonçalo de Almeida Ribeiro, a ex-deputada do PSD Liliana Reis, o seu mandatário nacional José Miguel Júdice ou o ex-deputado da IL Bernardo Blanco.
Esta comissão de estratégia política está a preparar um manifesto eleitoral, que terá como título “Compromisso Cotrim 2026-2031” e será apresentado este domingo, e, segundo Cotrim , visa também “recolher opiniões políticas” para perceber em que assuntos deve “acelerar mais o passo” e quais são os contactos ou instrumentos que faltam para conseguir um “crescimento mais rápido”.
O candidato presidencial disse não ter ficado surpreendido com uma sondagem divulgada esta segunda-feira que o coloca em quinto lugar, com 12,6% dos votos, a cerca de 2% de André Ventura, frisando “que foi a primeira de uma série” que vão mostrar que a sua candidatura está em crescimento.
“Eu estou a dizer desde o início que vou à segunda volta. Ao princípio foi acolhido com alguma jocosidade e até incredulidade e agora começam a acreditar. Há de facto cinco candidatos à segunda volta e cada vez mais eles vão estar juntos em termos de intenções de voto”, antecipou.
Gonçalo Almeida de Ribeiro, antigo vice-presidente do TC que é coordenador da comissão de estratégia política da candidatura, também falou aos jornalistas para salientar que decidiu apoiar Cotrim Figueiredo por considerar que é o candidato que, “a larga distância dos demais, melhor protagoniza o conjunto de qualidades que um Presidente da República deve ter”.
“É uma pessoa que conhece bem o sistema política, é um espírito reformista e um otimista, um homem de caráter”, elogiou.