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Bolsas Mais Valor em Saúde distinguem quatro Unidades Locais de Saúde

Lusa
18-11-2025 12:09h

As Unidades Locais de Saúde (ULS) de Aveiro, Santo António, São José e Trás-os-Montes e Alto Douro são vencedoras da 4.ª edição das Bolsas Mais Valor em Saúde, que apoiam projetos em hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

Os vencedores, que serão hoje anunciados, apresentaram projetos na área da insuficiência cardíaca (Aveiro) para ajudar a melhorar os resultados clínicos e reduzir readmissões; otimizar o percurso do doente com esclerose múltipla (Santo António, no Porto); estruturar um percurso assistencial integrado e centrado na pessoa com estenose aórtica grave, uma doença cardiovascular (São José, Lisboa), e para monitorizar doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (Trás-os-Montes e Alto Douro).

As bolsas “Mais Valor em Saúde” pretendem apoiar a concretização de projetos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde que visem introduzir alterações para melhorar os resultados clínicos, a satisfação dos doentes e a afetação de recursos. Este ano foram submetidas 20 candidaturas e selecionados quatro projetos projetos: dois sobre medição de resultados com foco no doente, um de integração de cuidados e um de avaliação e dispensa de tecnologias da saúde.

A estes projetos serão atribuídas bolsas no valor individual de 50.000 euros, em horas de apoio especializado à sua execução a prestar pelos parceiros Exigo e Vision for Value. As bolsas contam com o apoio institucional da Ordem dos Enfermeiros, da Ordem dos Farmacêuticos e da Ordem dos Médicos.

Promovida pela Gilead Sciences, em parceria com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), o Programa Mais valor em Saúde – Vidas que Valem já apoiou 16 projetos de instituições do SNS, com um total de 800 mil euros, em consultoria especializada, capacitando equipas para a implementação de estratégias que permitam melhorar os resultados clínicos, a satisfação dos doentes e a afetação de recursos.

Na descrição da sua candidatura, a ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro recorda que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é responsável por uma elevada carga de morbilidade e custos significativos no SNS, motivados pelo declínio funcional progressivo e pelas exacerbações frequentes.

Em declarações à Lusa, o enfermeiro Sérgio Vaz explicou que o projeto desta ULS - ReabDigital - é programa de reabilitação respiratória apoiado por tecnologia móvel dirigidos a pessoas com DPOC que já participaram num programa de reabilitação em contexto hospitalar ou domiciliário.

"Trata-se de um aplicativo que permite prolongar este acompanhamento por parte da equipa de saúde no regresso do doente ao domicílio, combinando exercício físico orientado, (...) a parte da educação e saúde e toda a vigilância de sintomas da doença respiratória crónica que o doente tem de base", explicou, acrescentando que o objetivo é "ajudar então a manter, no dia-a-dia, os ganhos que a pessoa tinha conquistado".

Diz que com o regresso a casa, por vezes, o doente perde alguns hábitos: "Quando há este corte com o profissional, o que nós verificamos é que o doente, ao longo do tempo, apesar de ir com uma prescrição em papel, com os exercícios que tem de fazer, não tendo alguém a orientá-lo mais diretamente, acaba por desmotivar e, passados seis meses, acaba por se perder todos os ganhos".

"Para o doente respiratório crónico, o treino de exercício é considerado um medicamento", acrescenta, sublinhando a importância de se manter esta prática após o regresso ao domicilio para "evitar o declínio funcional progressivo".

Lembrou ainda que há poucos programas de reabilitação respiratória, que só 1% dos doentes têm acesso e sublinha que, apesar de ser uma terapêutica pouco difundida, "é dos tratamentos mais efetivos que temos e com baixo custo para o doente e para a instituição".

Outro dos vencedores foi a ULS de Aveiro, com um projeto que pretende identificar, previamente à alta, os doentes com episódio de urgência ou internamento por insuficiência cardíaca aguda como diagnóstico principal que apresentem classificação de “alto” ou “muito alto risco”, de acordo com a estratégia da “Estratificação da População pelo Risco”.

A insuficiência cardíaca representa uma das principais causas de hospitalização em Portugal, especialmente numa população envelhecida e com múltiplas comorbilidades.

Em declarações à Lusa, Joana Neves explicou que a abordagem tradicional tem demonstrado pouco impacto nos reinternamentos e custos evitáveis e na qualidade de vida, sublinhando a importância de identificar estes doentes o mais precocemente possível.

"Temos que lhes chegar muito mais cedo. Eles não podem ter alta sem ter logo um apoio, porque às vezes bastam pequenos ajustes para garantir que depois não voltam", disse a responsável, sublinhando a importância de chegar aos doentes "antes das agudizações" da doença.

Diz que muitos doentes "já estão ensinados" e contactam o serviço quando notam alguma alteração, fazendo com que a situação possa ser logo vista no hospital de dia, sem que tenham de entrar na urgência.

A ULS de Santo António, por sua vez, venceu com um projeto ligado à esclerose múltipla. Os responsáveis pelo projeto sublinham que o diagnóstico precoce é crucial, afirmando que "o início atempado de tratamento atrasa/previne a progressão da doença, a perda de autonomia e o impacto social da incapacidade".

"A formação para atenção aos sinais e sintomas aos especialistas em MGF, o rápido contacto dos médicos de família com a equipa da ULSSA, e a formalização de 'via verde interna' para realização dos meios essenciais de diagnóstico serão cruciais", refere a unidade, acrescentando que "a formalização do percurso e tempos alvo para resposta rápida, reduzirá desperdício e melhorará resultado".

Já a ULS de São José foi a quarta vencedora da edição deste ano, com o projeto TAVI+, que visa estruturar um percurso assistencial integrado e centrado na pessoa com estenose [aperto] aórtica grave submetida a implantação percutânea da válvula aórtica (TAVI).

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