O conselho de administração (CA) da Unidade Local de Saúde de Gaia/Espinho (ULSGE) está a avaliar potenciais impactos nas áreas da pediatria e de neonatologia no âmbito das alterações que estão a ser equacionadas para a rede de referenciação.
Num comunicado interno ao qual a Lusa teve hoje acesso, o presidente da administração da ULSGE dirige-se aos funcionários desta unidade de saúde para os tranquilizar, referindo: “o CA tem acompanhado atentamente este tema e os seus potenciais impactos para a ULS Gaia e Espinho”.
Em causa estão as conclusões preliminares da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, no âmbito do processo de consulta pública sobre a redefinição da rede de referenciação, um tema que já gerou reparos e preocupações por parte do presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), e do PS de Gaia, que é agora oposição nesta autarquia do distrito do Porto.
Na mensagem dirigida aos funcionários, assinada pelo presidente Luís Matos, o CA da ULSGE reforça que “o processo ainda decorre (…) pelo que qualquer assunção de que esta proposta é final é extemporânea”, mas admite que já se pronunciou junto da comissão para garantir a diferenciação desta unidade de saúde.
“O CA promoveu a elaboração de uma proposta técnica que visa a manutenção da diferenciação da nossa Instituição na área da Pediatria/Neonatologia, reforçando a qualidade assistencial e a continuidade dos cuidados prestados à comunidade que servimos”, lê-se no texto.
Garantindo “serenidade e foco”, atuação “com rigor, no tempo certo”, o CA de Gaia/Espinho acrescenta que estão a ser dados “todos os passos necessários para defender a qualidade assistencial, a estabilidade das equipas e o interesse superior dos utentes”.
No sábado, o grupo de vereadores socialistas encabeçado por João Paulo Correia emitiu um comunicado no qual referia que, “a concretizar-se a intenção do Ministério da Saúde, Vila Nova de Gaia perderá valências diferenciadas, o que causará um impacto negativo a milhares de utentes e famílias que serão forçadas a deslocar-se ao Porto para consultas e tratamentos que atualmente fazem na ULSGE”.
Os socialistas lembram os custos diretos e o tempo de viagem, e dizem temer que os utentes e famílias percam qualidade na prestação de serviços, falando numa “desclassificação a favor” de hospitais do Porto, nomeadamente o São João e o Santo António.
Já no domingo, Luís Filipe Menezes desafiou a ministra da Saúde a esclarecer os autarcas, profissionais de saúde e cidadãos sobre quais os planos para a ULS Gaia/Espinho, opondo-se “duramente” à sua desvalorização.
Numa publicação nas redes sociais, Menezes disse que “está em debate público uma proposta de um grupo de trabalho do Ministério da Saúde que desvaloriza valências dos hospitais e centros hospitalares de Gaia, Santa Maria da Feira e Matosinhos” e, saindo em defesa da Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE), deixou um alerta a Ana Paula Martins.
“Quero aqui deixar um alerta à ministra da Saúde, a quem dou o benefício da dúvida de não ter a ver com os ‘lobbys’ poderosos que continuam a mandar nisto tudo: informe-se senhora ministra e se faz favor tranquilize de imediato os autarcas, os profissionais de saúde e os cidadãos destes grandes concelhos”, lê-se na publicação.