SAÚDE QUE SE VÊ

União de Sindicatos diz que persistem "inúmeros problemas" no SNS no distrito da Guarda

LUSA
31-07-2025 18:25h

A União de Sindicatos da Guarda reivindicou, hoje, a contratação de todos os trabalhadores necessários na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, a valorização dos salários e o fim da precariedade no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A estrutura afeta à CGTP-IN realizou uma conferência de imprensa, junto ao centro de saúde de Seia, para “lembrar à tutela e às autarquias” que é preciso reforçar o SNS.

“Este Governo já vai na segunda legislatura, embora com pouco mais de 15 meses, na altura anunciou que ia resolver o problema do SNS em 60 dias, mas continuamos a ter inúmeros problemas pelo país e, essencialmente, no distrito da Guarda”, disse à agência Lusa José Pedro Branquinho, coordenador da União de Sindicatos da Guarda (USG).

O sindicalista aludia aos cuidados de saúde primários, por causa da constituição de unidades de saúde familiar (USF), “que reduzem o número de profissionais de saúde”, e “a escassez” de médicos de medicina geral e familiar.

“O Governo insiste em alargar o modelo das parcerias público-privadas com o setor privado e o setor social, com incrementos sustentados nas tais USF tipo B e tipo C”, criticou.

Para José Pedro Branquinho, num distrito envelhecido, “precisamos que todos defendam o SNS, pois se já é difícil para muitas pessoas chegar a determinadas especialidades médicas, sê-lo-á muito mais se não estivermos todos atentos e mobilizados”

O presidente da União de Sindicatos da Guarda considera fundamental continuar a investir nos cuidados de saúde primários e em todas as especialidades médicas, mas desconfia “da grande dependência do dinheiro da saúde no PRR”.

No distrito da Guarda, “investimentos a sério não existem, o que há é uma grande dependência do dinheiro da saúde do PRR, o problema é que, até 2024, tínhamos uma taxa de execução muito baixa”, apontou.

Na sua opinião, esses resultados devem-se “à falta de capacitação e de capacidade para executar o PRR, porque se estivesse a ser feito como deve ser, já devíamos estar com 60% de taxa de execução”.

“Anunciam-se investimentos, mas continuamos a ter problemas no acesso à saúde no nosso distrito, nomeadamente as populações mais longínquas, dos concelhos de Seia, Figueira de Castelo Rodrigo e outros, onde, para terem uma consulta, essas pessoas têm que se deslocar dezenas de quilómetros”.

José Pedro Branquinho considerou que o recente anúncio de obras em centros de saúde do distrito por parte da Unidade Local de Saúde da Guarda é uma boa notícia, mas duvida que sejam executadas “num prazo muito curto”.

“Ora, isso é absolutamente necessário. No entanto, também não vale a pena investir em centros e extensões de saúde quando, depois, só têm médico uma vez por mês”, contrapôs.

O dirigente sindical exemplificou com dois casos no concelho de Vila Nova de Foz Côa, de onde é natural.

“A Câmara Municipal de Foz Côa gastou 50 mil euros na extensão de saúde de Horta do Douro e vai lá o médico uma vez por mês. O mesmo acontece em Almendra, onde foram gastos 20 mil euros. Precisamos destes edifícios, mas sobretudo que os médicos se desloquem a estes sítios e garantam o acesso dos mais idosos às consultas, que são fundamentais”, referiu.

 

MAIS NOTÍCIAS