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Utentes do Seixal lamentam situação de Obstetrícia no Garcia de Orta e pedem reunião com hospital

Lusa
15-09-2025 14:17h

A comissão de utentes do Seixal lamentou hoje o encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, no sábado e indicou que vai pedir uma audiência urgente com a administração da unidade.

O Ministério da Saúde anunciou no sábado o encerramento inesperado da urgência de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Garcia de Orta devido à falta de médicos para assegurar as escalas, obrigando à deslocação das utentes para unidades de Lisboa, por inexistência de resposta na Península de Setúbal.

“Este fim de semana, sem que nada o fizesse prever, e à última hora, os médicos prestadores de serviços que asseguram regularmente que as populações da Península de Setúbal têm o serviço que lhes é devido, manifestaram a sua indisponibilidade”, esclareceu o Governo em comunicado.

Hoje, em declarações à agência Lusa, o coordenador da comissão de utentes do Seixal, José Lourenço, considerou que a situação registada no fim de semana é lamentável, mas expectável.

O ocorrido, disse, vai ao encontro das reservas levantadas pela comissão de utentes aquando do anúncio antecipado da contratação de uma equipa de seis novos médicos para a Obstetrícia/Ginecologia do Hospital Garcia de Orta, a partir de 01 de setembro para permitir a reabertura 24 horas da urgência do serviço.

Na altura, a comissão considerou que dificilmente médicos externos ao Serviço Nacional de Saúde aceitariam trabalhar nas atuais condições e que dos seis médicos anunciados como novos, três já exerciam a sua atividade regular no Hospital Garcia de Orta, como tarefeiros.

“Portanto, novos, eram só três. O certo é que nenhum assinou qualquer contrato, exceto um deles, para um cargo de Direção”, indicou a comissão num comunicado enviado à agência Lusa.

Por outro lado, a comissão questiona o que fariam esses novos médicos quando terminasse a majoração salarial oferecida e contesta a discriminação salarial face aos médicos do quadro, “que têm suportado a enorme sobrecarga de trabalho”.

Nas declarações à Lusa, José Lourenço adiantou ainda que a comissão de utentes exige a reposição da normalidade da assistência obstétrica no Hospital Garcia de Orta e em todo o distrito de Setúbal, indicando que vai pedir uma reunião urgente com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, ao qual pertence a unidade hospitalar de Almada.

Entretanto, e depois do encerramento inesperado no sábado e condicionamento do serviço no domingo, as urgências de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Garcia de Orta reabriram hoje às utentes.

Segundo o Portal do SNS, o serviço de urgência reabriu às 08:30, informação confirmada à agência Lusa por uma fonte oficial da Unidade Local de Saúde Almada Seixal.

Durante o dia de domingo e até às 08:30 de hoje, as urgências de Obstetrícia e Ginecologia apenas receberam os casos encaminhados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

De acordo com as escalas publicadas no portal do SNS, não se prevê, até domingo, o encerramento do serviço do Hospital Garcia de Orta, que funciona no âmbito do projeto-piloto, que implica um contacto prévio das utentes com a linha SNS 24.

Hoje estão encerradas, na Península de Setúbal, as urgências destas especialidades no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e no Hospital São Bernardo, em Setúbal.

O Hospital Garcia de Orta, que iniciou a sua atividade em setembro de 1991, pertence à Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, e, segundo informação oficial, serve atualmente uma população estimada em cerca de 350 mil habitantes dos concelhos de Almada e Seixal.

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