O ex-deputado e investigador Moisés Ferreira é candidato pelo BE à Câmara de São João da Madeira, revelou hoje o partido, que quer baixar os preços “obscenos” da habitação e travar a entrega do hospital local à Misericórdia.
Segundo a coordenação do partido nesse concelho do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, o cabeça de lista que entre 2015 e 2022 coordenou as políticas de saúde do Grupo Parlamentar do BE é a pessoa certa para evitar a perda de valências clínicas locais e implementar “medidas corajosas” para baixar o preço das casas.
“Em São João da Madeira, o preço da habitação aumentou 80% nos últimos quatro anos e hoje veem-se apartamentos para arrendar a 800 e 900 euros e quartos a 300 ou 400. É obsceno”, defende Moisés Ferreira, garantindo que “não há salário que chegue para tamanha especulação”.
O candidato diz ainda que é preciso “mobilizar os imóveis devolutos e fazer com que uma percentagem da nova construção seja colocada a arrendar a custos controlados, o que fará baixar drasticamente o preço da habitação”.
Quanto ao Hospital de São João da Madeira, apontado como um dos que o Estado prevê transferir para a gestão das Misericórdias, Moisés Ferreira afirma: “Há a ameaça de perdermos o nosso hospital e várias valências nele inseridas. Aliás, alguns serviços, como o de Oftalmologia, já começaram a ser deslocados para Ovar”.
Nessa perspetiva, o candidato do BE salienta que a entrega do hospital à Misericórdia “representará um corte nos serviços de saúde à população” e argumenta que é preciso “dizer claramente que o município não aceita essa entrega” – quer é o reforço de valências, nomeadamente “uma política que promova a criação e o acesso a serviços de saúde mental”.
Encarando assim as áreas de habitação e saúde como essenciais à qualidade de vida, Moisés Ferreira nota que o custo dos bens essenciais aumentou brutalmente e continua a subir “de semana para semana”, mas os programas e apoios sociais do município não acompanharam esse crescimento. “A crise aprofunda-se – a da habitação, a da saúde, a dos rendimentos – e o executivo da Câmara de São João da Madeira não fez nada nos últimos anos para a combater ou impedir”, afirma.
Em domínios distintos, o BE indica depois mais duas das suas prioridades: “Precisamos de melhorar os transportes e a mobilidade urbana, com os TUS [Transportes Urbanos Municipais] a funcionar de 15 em 15 minutos, e uma rede pública de bicicletas elétricas partilhadas. E precisamos de combater as alterações climáticas e promover a qualidade de vida, com mais jardins, corredores verdes, espaços de lazer e parques infantis em toda a cidade”.
Com 39 anos e natural de São João da Madeira, onde vive, Moisés Ferreira é atualmente investigador no Centro de Psicologia da Universidade do Porto, encontrando-se a fazer doutoramento na área da Psicologia do Trabalho.
Foi deputado na Assembleia da República entre 2015 e 2022, período durante o qual coordenou as políticas de saúde do Grupo Parlamentar do BE. Antes trabalhou como formador e como coordenador de formação, focando-se em populações em situação de exclusão social.
Além de Moisés Ferreira pelo BE, à Câmara Municipal de São João da Madeira também já foi formalizada a candidatura de João Oliveira, pela coligação PSD e CDS-PP, e a do socialista Jorge Vultos Sequeira, que é o atual presidente da autarquia – a mais pequena do país, com cerca de oito quilómetros quadrados e 22.200 habitantes.
O executivo camarário eleito em 2021 integra quatro elementos do PS e três da coligação entre sociais-democratas e populares.