O Município do Bombarral pediu uma reunião ao primeiro-ministro e uma decisão “célere e definitiva” sobre o novo hospital regional, segundo uma moção aprovada por unanimidade na última assembleia municipal, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
Na moção, os deputados municipais pedem uma reunião ao primeiro-ministro para “apresentar diretamente a posição do município e sublinhar a necessidade de uma decisão imediata e responsável quanto ao futuro da saúde em Bombarral e na região Oeste”.
A assembleia também exige ao Governo “que tome uma decisão firme, célere e definitiva sobre a construção do novo hospital, respeitando o consenso regional alcançado e as conclusões do estudo técnico independente”.
Na moção, é recordado que a região Oeste aguarda “há mais de duas décadas” pelo novo hospital “para garantir o acesso equitativo a cuidados de saúde de qualidade a todos os cidadãos da região”.
Durante a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 12 de outubro, num jantar-comício nas Caldas da Rainha, o primeiro-ministro e líder do PSD afirmou que o Governo suspendeu “o processo que estava em curso, para aprofundar a avaliação sobre a construção do hospital do Oeste”, assegurando que “a decisão será a que resultar do processo de avaliação aprofundado, fundamentado com todas as consequências”.
Já depois, numa reunião da comissão parlamentar da Saúde, o secretário de Estado da Saúde disse que todo o processo está em avaliação.
Na Assembleia Municipal de Torres Vedras, o ainda presidente da Assembleia Intermunicipal do Oeste e membro da comissão municipal da Saúde, Rui Prudêncio, alertou este mês que não existe qualquer verba prevista no Orçamento de Estado para 2026 para o novo hospital, quando o documento deste ano tinha inscritos 265,1 milhões de euros.
Na altura, o deputado socialista disse ainda que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, “se tem escusado” a reunir-se com a Comunidade Intermunicipal do Oeste e “não tem resposta para dar”.
À agência Lusa, o gabinete de Ana Paula Martins também tem recusado dar quaisquer esclarecimentos sobre o processo.
Em 2023, o então ministro da Saúde, Manuel Pizarro (PS), anunciou que o novo hospital do Oeste seria construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, no distrito de Leiria, tendo em conta a sua centralidade em relação aos concelhos que vai servir e a dimensão do terreno que permitia a expansão da nova unidade, se tal fosse necessário.
A escolha do Bombarral foi ainda sustentada em critérios de acessibilidade, como a proximidade à saída 11 da autoestrada 8 (que atravessa todo o Oeste) e à estação do caminho-de-ferro, seguindo as conclusões do estudo encomendado.
Em outubro de 2024, numa reunião com os 12 autarcas da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Oeste, a ministra da Saúde informou que o concurso para o hospital deveria ser lançado “durante o primeiro semestre de 2025”, o que não aconteceu, e, pela primeira vez, o Governo inscreveu o equipamento no Orçamento do Estado para este ano.
O novo hospital deverá substituir as unidades das Caldas da Rainha e de Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, e servir cerca de 300 mil habitantes destes concelhos e dos de Bombarral, Cadaval e Lourinhã.
Na mesma sessão da Assembleia Municipal do Bombarral, o Orçamento para 2026, no valor de 16,8 milhões de euros para 13 mil habitantes, foi aprovado com 12 votos a favor, 12 abstenções e um voto contra.