A organização Human Rights Watch (HRW) alertou que o programa fiscal da administração norte-americana aprovado esta semana pelo Senado “irá prolongar as reduções fiscais que beneficiam desproporcionadamente as famílias mais ricas do país”, reduzindo substancialmente o orçamento na Saúde.
Num comunicado divulgado na terça-feira, a organização não-governamental (ONG) destacou que o projeto de lei promovido pelo Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, vai reduzir significativamente as despesas do Estado em “programas públicos essenciais para os direitos humanos”, numa altura em que o pacote legislativo regressa à Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) para uma votação final.
Se for aprovado, o plano do Presidente republicano “privará milhões de pessoas da cobertura de um seguro de saúde e prejudicará os direitos de muitas outras formas”, afirmou a HRW, na mesma nota informativa hoje citadas pelas agências internacionais.
“É chocante que o Presidente Trump tenha feito uma campanha para consertar a economia, mas esteja a apresentar um orçamento que faz com que as pessoas comuns paguem com a sua saúde por benefícios fiscais para milionários”, disse Matt McConnell, investigador de justiça económica e direitos da HRW.
McConnel acrescentou que os EUA “merecem um sistema que cumpra o direito humano de todos terem acesso à Saúde, e um orçamento que torne isso possível”.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos iniciou hoje o debate sobre a nova versão do plano orçamental com o desafio de o aprovar antes do feriado nacional do 04 de julho, Dia da Independência, a pedido de Trump.
Devido à estreita maioria republicana na Câmara dos Representantes contra os democratas (220-212), o partido de Trump precisa de ter todos os seus membros presentes para uma votação final, algo que pode ser complicado pela suspensão dos voos de vários membros devido a tempestades no leste do país.
Apelidado de “Big Beautiful Bill”, o projeto de lei de Trump foi aprovado na terça-feira no Senado (câmara alta) com 50 votos a favor e 50 contra, pelo que foi necessário o voto de desempate do vice-presidente norte-americano, JD Vance.
Três senadores republicanos votaram contra o projeto de lei que tem dividido o próprio partido, contudo Trump considerou, ainda na terça-feira, que será “mais simples” aprovar o plano orçamental na Câmara dos Representantes e pediu, na sua rede social Truth Social, aos republicanos para não se deixarem “pressionar pelos democratas da esquerda radical”.
A aprovação do Senado foi um passo crucial para Trump e para o Partido Republicano, que nas últimas semanas investiram muito capital político na concretização do projeto de lei "One Big Beautiful Bill Act", encarado com preocupação por vários legisladores, que temem pelo futuro da estabilidade financeira do país, uma vez que estimativas apontam que a dívida dos Estados Unidos possa crescer em 3,3 biliões de dólares (quase 3 biliões de euros ao câmbio atual) ao longo da década.