A Microsoft afirma estar a desenvolver um sistema de Inteligência Artificial (IA) que é melhor do que os médicos a fazer diagnósticos complexos de doenças, numa opção mais barata e que aposta na "superinteligência médica", avança o The Guardian.
Ao jornal britânico, a empresa explicou que esta tecnologia imita um painel de especialistas em casos "intelectualmente exigentes", pelo que o modelo vai sucessivamente tomando medidas a partir das perguntas que faz para chegar ao diagnóstico final.
Uma das experiências desenvolvidas pela Microsoft revelou que este sistema de IA conseguiu resolver "mais de oito em cada dez casos de estudo", sendo que, quando estes casos foram analisados pelos clínicos (sem ter acesso a livros, à Internet ou à ajuda de outros médicos) apenas dois em cada 10 médicos conseguiram resolvê-los.
A Microsoft reutilizou ferramentas de IA já existentes no mercado, como o ChatGPT ou o Gemini, para a partir destes criar um novo sistema de IA personalizado chamado "orquestrador de diagnósticos", capaz de saber que teste de diagnósticos pedir e qual poderia ser o resultado adequado para cada caso.
"Este nível de raciocínio tem o potencial de transformar os cuidados de saúde. A IA poderá dar aos doentes a possibilidade de se autogerirem em aspetos de rotina e equipar os médicos com apoio avançado à decisão para casos complexos", afirmou a Microsoft, citada pelo jornal.
Apesar de tudo, a empresa refere que o sistema de IA ainda não está pronto a ser usado em contexto clínico, sendo necessário a realização de mais testes.
A gigante da tecnologia garante ainda que a utilização destes modelos é uma opção mais barata do que recorrer a um médico, embora desvalorize as implicações do sistema do mercado de trabalho, afirmando que este não vem tirar empregos os médicos, mas ajudar a complementar o seu trabalho.
Recentemente, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, afirmou que a IA não pode substituir um médico, alertando que ferramentas como o ChatGPT não estão habilitadas a fazer diagnósticos médicos.
"É fundamental afirmar que a IA não é, nem pode ser, um substituto do julgamento clínico, da experiência médica nem do contacto humano. O diagnóstico é parte essencial do ato médico, que envolve não apenas dados objetivos, mas também interpretação contextual, escuta ativa e empatia", afirmou Carlos Cortes, em declarações à agência Lusa.
O bastonário acrescentou que a IA deve ser encarada como uma ferramenta de apoio à decisão clínica e não como agente autónomo de diagnóstico.