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Cortes dos EUA em ajuda internacional podem causar mais de 14 milhões de mortes - estudo

Lusa
01-07-2025 00:49h

O corte do financiamento para ajuda internacional dos EUA, decidido pela administração Trump, pode levar a mais de 14 milhões de mortes até 2030, um terço dos quais crianças, de acordo com uma projeção publicada na revista The Lancet.

"Arriscam-se a parar abruptamente, ou mesmo a inverter, duas décadas de progresso na saúde das populações vulneráveis. Para muitos países de baixo e médio rendimento, o choque resultante seria de uma escala comparável à de uma pandemia global ou de um grande conflito armado", comentou Davide Rasella, coautor do estudo e investigador do Instituto de Saúde Global de Barcelona, citado num comunicado de imprensa.

A publicação deste estudo na prestigiada revista médica coincide com a realização, em Espanha, de uma conferência sobre o financiamento do desenvolvimento, na qual participam dirigentes de todo o mundo, estando os Estados Unidos entre os ausentes.

Esta reunião tem lugar num contexto particularmente sombrio para a ajuda ao desenvolvimento, que foi duramente atingida pelos cortes maciços de financiamento decididos por Donald Trump desde o seu regresso à Casa Branca em janeiro.

Ao examinar os dados de 133 países, a equipa internacional de investigadores estimou, retrospetivamente, que os programas financiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) evitaram 91 milhões de mortes nos países de baixo e médio rendimento entre 2001 e 2021.

De acordo com a sua modelação, o corte de 83% no financiamento dos EUA - um valor anunciado pelo Governo no início de 2025 - poderia levar a mais de 14 milhões de mortes extra até 2030, incluindo mais de 4,5 milhões de crianças com menos de cinco anos, ou seja, cerca de 700.000 mortes extra de crianças por ano.

De acordo com os investigadores, os programas apoiados pela USAID foram associados a uma redução de 15% das mortes por todas as causas. No caso das crianças com menos de cinco anos, a redução de mortes foi duas vezes superior (32%).

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