As escolas primárias permaneceram encerradas hoje por precaução na capital indiana, Nova Deli, que está a registar esta semana o primeiro pico de poluição atmosférica da época.
Pelo quarto dia consecutivo, a qualidade do ar foi considerada perigosa em vários pontos da cidade de 30 milhões de habitantes, de acordo com o Índice de Qualidade do Ar, com concentrações elevadas de micropartículas tóxicas, segundo a agência francesa AFP.
Na quinta-feira, as autoridades locais anunciaram o encerramento das escolas primárias da cidade até nova ordem, a suspensão das obras de construção, a proibição de circulação de veículos antigos a gasóleo e a pulverização das zonas mais poluídas.
Em conformidade com o protocolo imposto pelas autoridades, os alunos das escolas encerradas continuam a frequentar as aulas à distância.
Uma residente em Nova Deli disse à AFP que concordava com a decisão do Governo, referindo que o filho de 8 anos “está a sofrer com tosse há alguns dias”.
Todos os anos, no início do inverno, a capital indiana fica envolta num espesso nevoeiro constituído pelas emissões industriais e do tráfego rodoviário, bem como pelo fumo das queimadas agrícolas sazonais.
Este nevoeiro de poluição, conhecido por ‘smog’, é responsável por milhares de mortes prematuras todos os anos, documentadas em numerosos estudos científicos.
Ao amanhecer, as concentrações de micropartículas PM2,5 - as mais nocivas porque se difundem diretamente na corrente sanguínea - eram ainda mais de 26 vezes superiores à norma diária tolerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
As iniciativas das autoridades indianas para reduzir a poluição têm sido em vão.
“Ainda não conseguimos dar resposta à emergência”, declarou à AFP Sunil Dahiya, da organização não-governamental (ONG) Envirocatalysts.
“Uma vez que ainda não conseguimos alterar as nossas práticas em termos de transportes, produção de eletricidade ou gestão de resíduos, mesmo as emissões limitadas continuam a ser demasiado elevadas”, acrescentou.
De acordo com a OMS, a poluição atmosférica pode provocar doenças cardiovasculares e respiratórias, bem como cancro do pulmão.
Um estudo publicado em junho concluiu que a poluição atmosférica era responsável por 11,5% das mortes em Deli, ou seja, 12 000 mortes por ano.
No Paquistão, país vizinho da Índia, as autoridades da província de Punjab, no nordeste do país, declararam hoje uma emergência sanitária em matéria de poluição.
O problema afeta especialmente os 13 milhões de habitantes da cidade de Lahore, que têm vindo a suportar, desde há duas semanas, níveis de poluição até 80 vezes superiores aos recomendados pela OMS, segundo a agência espanhola Europa Press.
O Índice de Qualidade do Ar de Lahore é atualmente de 637, mais do dobro dos 300 que marcam o início do nível máximo da escala de toxicidade.
O nível de poluentes PM2,5 é de 394 microgramas por metro cúbico, 78,8 vezes mais do que a recomendação da agência de saúde da ONU.
O Departamento de Saúde do Punjab tem conhecimento de que quase dois milhões de pessoas procuraram assistência médica em outubro devido a problemas respiratórios e cardíacos causados pela poluição excessiva.
O Governo paquistanês também prolongou por uma semana o encerramento das escolas que começou no início de novembro.
Oito municípios da província - incluindo a cidade de Multan, com mais dois milhões de pessoas também em situação crítica - receberam ordens para proibir as atividades ao ar livre no próximo fim de semana.