O médico pediatra e autor Vítor Gatinho, com milhares de seguidores nas redes sociais, já venceu duas vezes o prémio de melhor podcast na Alemanha na categoria “Ratgeber”, de orientação e aconselhamento.
“Hi, Kids.Doc hier”, é como Vítor Gatinho começa praticamente todos os vídeos que publica no Instagram. O pediatra de 41 anos, filho de portugueses e nascido em Frankfurt, deu os primeiros passos nas redes sociais em agosto de 2020.
“Havia muitas restrições por causa da covid-19. Primeiro podia-se sair, depois só um bocadinho, e eu estava aborrecido, não tinha nada para fazer. Comecei com o TikTok, via outros médicos, sobretudo americanos, a fazerem vídeos e achava piada. Por isso comecei a fazer os meus. Primeiro não falava, só mostrava coisas e escrevia, mas rapidamente percebi que não conseguia explicar tudo em 30 segundos”, contou à Lusa.
Do TikTok passou para o Instagram onde de 120 familiares e amigos passou a ter mais de 700 mil seguidores. Este ano pisou pela primeira vez vários palcos para interagir com o público que o acompanha geralmente através do ecrã do telemóvel.
“Fiz uma digressão por quatro cidades, Frankfurt, Hamburgo, Estugarda e Munique em março e abril deste ano. O objetivo era que os pais pudessem passar uma tarde a receber informações e ao mesmo tempo a descansar um pouco dos filhos”, descreveu, entre risos.
Além dos vídeos e da Kids.doc Tour, Vítor Gatinho explica num podcast, de uma forma descomplicada, várias questões à volta da infância e adolescência, desde o uso da chupeta, ao uso de probióticos. O podcast, que surgiu há três anos, já venceu duas vezes o prémio de melhor podcast na Alemanha na categoria “Ratgeber”, de orientação e aconselhamento.
O médico pediatra, que continua a viver em Frankfurt, mas visita Portugal várias vezes por ano, também já escreveu três livros, um deles considerado “Bestseller Platz 1” pelo Spiegel.
“Até janeiro deste ano ainda conseguia trabalhar cinco dias por semana na clínica. Mas passou a ser muito difícil e passei a três (…) tenho três filhos e uma esposa e já não dava para conciliar tudo. Assim não tenho de estar a fazer as coisas à noite ou ao fim de semana”, explicou.
Com uma digressão que vai continuar, outro livro que está a pensar escrever, desta vez sobre adolescência, e uma aplicação de telemóvel com alguns meses, Vítor Gatinho admite que não consegue ter tempo para criar conteúdo em português.
“Se fosse com Inteligência Artificial, talvez, mas o meu português não é suficiente para fazer vídeos, e há muitas coisas em Portugal que também funcionam de maneira diferente”, assumiu.
Ainda assim, não esconde o desejo de ver os seus livros traduzidos para português.