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China e Índia têm maioria das cidades no mundo mais afetadas por micropartículas

LUSA
25-02-2020 21:43h

China e Índia concentram a maioria das cidades do mundo mais afetadas por micropartículas que causam mortes prematuras, aponta hoje um relatório realizado pela organização ambientalista Greenpeace e a unidade de investigação da empresa suíça IQAir.

Os dois países somam quase 90% das 200 cidades do mundo onde os níveis de densidade das partículas PM2,5 - as mais finas e suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões - são mais elevados. As restantes cidades estão concentradas sobretudo no Paquistão e Indonésia.

O relatório, que analisou cerca de 5.000 cidades em todo o mundo, apontou que, em 2019, entre as megalópoles de 10 milhões de habitantes ou mais, Nova Deli reportou a maior concentração de partículas PM2,5, seguida por Lahore, no Paquistão, Dhaka, no Bangladesh e Calcutá, também na Índia.

Tendo em conta a exposição das populações, o Bangladesh é o país que mais sofre com a poluição por partículas finas, cujo diâmetro corresponde a um trigésimo de um cabelo humano. A sua dimensão permite que entrem no sistema sanguíneo, através dos pulmões, provocando asma, cancro do pulmão ou doenças cardíacas.

O Bangladesh é seguido pelo Paquistão, Mongólia, Afeganistão e Índia. A China ocupa a 11.ª posição.

A maioria das sete milhões de mortes prematuras em todo o mundo atribuídas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) à poluição do ar é causada por partículas PM2,5, produzidas por tempestades de areia, incêndios florestais, atividade agrícola, indústria e combustíveis fósseis.

A densidade máxima das partículas 2,5, recomendada pela Organização Mundial de Saúde, é de 25 microgramas por metro cúbico de ar.

Um estudo publicado em 2019 estimou que a poluição do ar pode ser duas vezes mais mortal do que o previsto anteriormente, com quase 800.000 mortes por ano na Europa ou 2,8 milhões na China. O total mundial ascende aos 8,8 milhões.

A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 mil milhões de habitantes.

Na região que vai do norte da Índia à China central, o cumprimento dos padrões da OMS aumentaria a expectativa de vida em seis a sete anos, segundo um índice de vida pela qualidade do ar (Air Quality Life Index), desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Entre os 36 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a Coreia do Sul é o país mais poluído, com 105 cidades entre as 1.000 com pior qualidade do ar. Na Europa, Polónia e Itália têm 39 e 31 cidades na lista, respetivamente.

É mais difícil avaliar a situação em África devido à falta de dados.

O continente africano possui menos de 100 estações de medição de densidade de partículas PM2,5, em comparação com mais de 1.000 na China.

As mudanças climáticas aumentaram os riscos para a saúde associados a estas partículas, com incêndios florestais e tempestades de areia a tornarem-se mais intensos devido à desertificação, segundo o relatório.

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