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IVERMECTINA: “Pedimos ao INFARMED que considerasse uma autorização de utilização especial temporária reversível a qualquer momento “– afirma grupo de médicos

CANAL S+ / VD
15-03-2021 20:21h

António Lobo Ferreira integra o grupo de médicos de medicina interna e de outras especialidades médicas que têm vindo a defender a utilização da ivermectina na prevenção e no tratamento da COVID-19.

Entrevistado pelo Canal S+, o antigo Presidente do Conselho de Administração do Hospital de S. João, no Porto, adianta que enviaram para o INFARMED - entidade reguladora do medicamento em Portugal - um conjunto vasto de estudos internacionais que sugerem algumas vantagens deste fármaco antiparasitário na profilaxia e tratamento da infeção por SARS-COV 2.

Segundo o especialista em Medicina Interna, a comissão de avaliação de medicamentos do INFARMED recebeu o grupo de médicos numa reunião e ouviu os argumentos, mas depois emitiu um parecer que se baseou “em meia dúzia de estudos e não em todos”, revela o também professor auxiliar da Faculdade de Medicina do Porto.

António Lobo Ferreira lembra que “pedimos ao INFARMED que considerasse uma autorização de utilização especial temporária reversível a qualquer momento “.

António Lobo Ferreira que é também investigador da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular do Porto sublinha que é um “adepto da evidência científica” e admite que “em relação à eficácia da ivermectina na profilaxia e no tratamento da covid-19, não há evidência científica tal como ela é exigível “, mas o facto de muito médicos em Portugal estarem a administrar o fármaco e a utilizá-lo levanta por si questões relevantes que podem por em causa a saúde pública.

Na semana passada, o INFARMED emitiu um comunicado a alertar para a não existência de provas que apoiem a utilização da Ivermectina na profilaxia e tratamento de COVID-19.

Para o antigo Presidente do Conselho de Administração do Hospital de S. João, seria preferível o INFARMED emitir uma autorização de utilização especial temporária reversível, ao invés de permitir que qualquer pessoa possa dirigir-se a uma farmácia e comprar ivermectina.

Ao S+, António Lobo Ferreira é perentório ao dizer que “trata-se de pedir que se reconheça algo que está a acontecer “.

António Lobo Ferreira lamenta que o INFARMED não fomente um grande ensaio clínico com a ivermectina, para se perceber se o fármaco possui ou não algum efeito positivo na profilaxia e tratamento da Covid-19.

O médico, especialista em medicina interna, do Hospital de São João afirma que “Nenhuma empresa farmacêutica aposta no estudo da ivermectina neste contexto, porque já não tem patente “.

A ivermectina é um antiparasitário, de baixo custo, utilizado no tratamento da escabiose (sarna) e da pediculose (piolhos), mas que tem uma ação parasitária de largo espectro.

O professor e investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto refere que “os estudos epidemiológicos realizados em alguns países (...) mostram uma ligação entre a distribuição massiva de ivermectina à população e a redução da incidência da COVID-19 “.

António Lobo Ferreira cita os exemplos do Perú, do Brasil e de dois hospitais norte-americanos e reforça a “importância de aumentar a segurança na utilização do fármaco”.

Nesta entrevista ao Canal S+, António Lobo Ferreira admite tomar ivermectina, bem como alguns dos seus familiares, como iniciativa profilática antes da vacinação.

O médico do Hospital de São João receia apenas que “um número muito grande de pessoas (...) que querem e fazem ivermectina sem monitorização médicas” possam vir a ter problemas, dado que o fazem sem o devido acompanhamento médico.

António Lobo Ferreira é médico, há mais de 37 anos no Hospital de São João e especialista em Medicina Interna. Desempenhou funções como presidente do Conselho de Administração do São João e é investigador e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. É autor e coautor de inúmeros artigos científicos em dezenas de publicações internacionais.

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