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Covid-19: Rio pede que confinamento se mantenha até se atingirem números definidos por técnicos

LUSA
10-02-2021 18:17h

O presidente do PSD defendeu hoje que o confinamento se deverá manter até se atingir o número de infetados e risco de transmissão definidos por técnicos, e reiterou o voto a favor do estado de emergência.

“Continuar com o estado de emergência é indiscutível, definir os números em que se desconfina - número de infetados e valor do R [indicador que mede o nível de transmissão] - e preparar desde já a testagem em massa, diria eu, preferencialmente através da saliva, se tecnicamente for viável”, defendeu Rui Rio, em declarações aos jornalistas, na sede nacional do PSD, em Lisboa, no final da reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu por videoconferência.

Questionado se o país poderá ter de confinar durante mais dois meses, como admitiu o Governo, o líder do PSD reiterou que o importante será definir previamente os critérios com base nos quais o país poderá desconfinar, escusando-se a avançar ele próprio com números - “não sou técnico” - e apontando a intervenção do epidemiologista Manuel Carmo Gomes na terça-feira, na reunião do Infarmed, como um exemplo.

Acompanhado pelo vice-presidente do PSD André Coelho Lima, Rio afirmou que “naturalmente” o partido votará na quinta-feira a favor da renovação do estado de emergência, como fez sempre.

“Votámos sempre a favor conscientes da gravidade situação em Portugal, não tinha qualquer lógica não o fazer agora”, salientou.

Rio defendeu que, tal como ouviu na reunião de terça-feira no Infarmed ao especialista Carmo Gomes, Portugal deve seguir “uma metodologia de gestão” e definir linhas de infetados, contágios e positividade de testes que permitam ao país saber quando desconfinar ou que, quando ultrapassadas, o obrigam a voltar a confinar.

“São regras de gestão, de bom senso e parece-me bem que o Governo siga estas regras (…) A metodologia está bem e se tivesse sido feito sempre assim Portugal não teria chegado onde chegou. Todos teremos responsabilidade, o Governo terá muito mais”, afirmou.

Questionado se entende, como afirmou na terça-feira o dirigente do PSD Maló de Abreu que o Governo foi “frouxo” na gestão da pandemia, Rio preferiu utilizar o termo “para arranca”.

“Ao longo de todo este combate, o Governo tem andado sempre no para arranca, numa ausência de determinação, eu penso que ontem no Infarmed o professor Carmo Gomes procurou determinar o critério”, afirmou, acrescentando ter sentido “concordância” da parte do primeiro-ministro e da ministra da Saúde com os critérios apontados pelo especialista.

Questionado se poderá haver resistências na Direção Geral de Saúde em relação a novas políticas de testagem maciças, Rio disse não ter conhecimento, mas salientou que “quem diz como se faz é o Governo”.

“Não há resistências que valham quando há vontade política”, afirmou.

Rio lamentou que Carmo Gomes vá deixar de participar nas reuniões do Infarmed, dizendo que era sempre a “intervenção que mais gostava de ouvir”, mas disse aceitar as razões profissionais apresentadas pelo especialista.

“Se há mais qualquer coisa, desconheço”, afirmou.

O líder do PSD disse ter voltado a chamar a atenção do chefe de Estado para o facto de ainda não ter sido possível, apenas por razões burocráticas, contar com o apoio dos médicos portugueses reformados disponíveis, esperando que tal se altere no próximo estado de emergência.

Rui Rio saudou ainda que seja agora um militar, o vice-almirante Gouveia e Melo, a dirigir a ‘task force’ da vacinação, salientando que foi sempre o caminho que o PSD defendeu.

“Sinto-me confortável coma a solução e agora há uma outra organização, um outro planeamento, uma outra dinâmica na vacinação”, considerou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terminou hoje mais um ronda de audiências com os partidos políticos antes de enviar ao parlamento o projeto de decreto que renova o estado de emergência até 01 de março.

Em Portugal, morreram 14.718 pessoas dos 774.889 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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