Uma falha de pressão na rede de abastecimento de oxigénio de alto débito do Hospital Fernando da Fonseca (HFF) motivou a transferência, na noite de ontem, de 53 doentes infetados com COVID-19, anunciou em comunicado a Administração da unidade.
A mesma fonte, revelou que hoje vai enviar mais 19 doentes para uma nova enfermaria do Hospital da Luz.
Dos 48 doentes transferidos ontem do HFF, “20 vão para o hospital de Santa Maria, 11 para os hospitais de retaguarda das Forças Armadas e da Cidade Universitária, quatro vão para Portimão e os restantes, a princípio, para Setúbal”, adiantou a assessoria de imprensa do Hospital Amadora-Sintra.
A Administração do HFF garante que “um conjunto de constrangimentos (…) tornou aconselhável a diminuição do número de doentes internados a quem é necessário administrar oxigénio em alto débito”. Ontem, a unidade hospitalar tinha 363 doentes internados com COVID-19, “um aumento de 400%, desde 1 de Janeiro de 2021”.
Entrevistada pelo Canal S+, Maria Luísa Xímenez explica que o Hospital Amadora-Sintra está subdimensionado, dado que podia acolher no seu plano de contingência um máximo de 120 doentes COVID-19 e ontem tinha 363.
A enfermeira-chefe do Hospital Fernando da Fonseca garante que “nada foi preparado para esta pandemia. (...) Neste momento, está-se a fazer racionamento de oxigénio” e afirma ser urgente e necessária uma “voz de comando” que faça uma “gestão das vagas de camas hospitalares”.
Ao Canal S+, Maria Luísa Xímenez revela que, nas últimas semanas, muitos serviços e unidades de diversas especialidades do HFF foram transformados “em poucas horas em covidários” para dar assistência ao elevado número de doentes infetados que continuam a dar entrada no Hospital. A enfermeira-chefe fala de um “descontrole” ao ponto de não ser capaz de identificar as pessoas que entram no seu serviço de cirurgia geral que agora acolhe profissionais de saúde de oito especialidades”.
A enfermeira-chefe queixa-se ainda das falsas promessas da Ministra da Saúde, Marta Temido, que “já assegurou imensas coisas que não são verdade”, acusa.
O Hospital Fernando da Fonseca (HFF) quando foi construído foi pensado para prestar cuidados de saúde a 300 mil pessoas, residentes nos concelhos de Amadora e Sintra, e neste momento assiste cerca de 600 mil.
Em comunicado, a Administração do HFF garante que a rede de abastecimento de oxigénio de alto débito do Hospital Fernando da Fonseca “já se encontra estabilizada”, mas ainda ontem o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco, afirmava serem necessárias três semanas até estarem concluídas as obras que têm estado a decorrer na torre Amadora e na torre Sintra “visando a manutenção de fluxos e estabilização da rede de oxigénio”.