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Covid:19 - “Provavelmente se houvesse maior fecho das escolas conseguir-se-ia reduzir mais rápido a incidência”, afirma investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

CANAL S+ / VD
18-01-2021 22:14h

Desde Março de 2020 que Óscar Felgueiras, professor de matemática e especialista em estatística e modelação matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) trocou as aulas por uma comissão de serviço na ARS-Norte. Em entrevista ao Canal S+, o também especialista em epidemiologia afirma que “provavelmente se houvesse maior fecho das escolas conseguir-se-ia reduzir mais rápido a incidência” de novos casos de COVID-19.

O investigador desconfia que a escalada de novos casos de infeção por SARS-COV2 registada, nos últimos dias, pode esconder uma maior prevalência de uma nova variante do vírus como a britânica.

O professor de matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) começou a suspeitar da presença da nova variante inglesa do vírus ao olhar para os dados do distrito de Viana do Castelo, onde “de uma semana para a outra” os números cresceram cinco vezes. “Há um problema ao nível do distrito de Viana do Castelo. Todos os concelhos que fazem parte do distrito tiveram um crescimento muito forte após o Natal”, garante Óscar Felgueiras.

O recrudescimento da pandemia na região Norte não se manifesta apenas no Distrito de Viana do Castelo. Segundo Óscar Felgueiras, é preciso olhar com muita atenção para o concelho de Ponte de Lima “com um crescimento muito forte de 50 para 250 casos”. O especialista em epidemiologia suspeita que todo este cenário possa “ser motivado por vários fatores”, incluindo uma nova variante”, afirma.  

Ao Canal S+, o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) alerta ainda que “não vamos ter tão cedo imunidade de grupo”, apesar do “trabalho de vacinação nos lares e hospitais que é algo que tem eficácia quase máxima. O retorno de se vacinar essa população é bastante elevado.”

Óscar Felgueiras afirma que os referidos 60 a 70% de população vacinada para se alcançar a imunidade de grupo é, ainda hoje, “uma incógnita” que “vai depender sempre da eficácia das vacinas que ainda não sabemos quanto tempo vai durar”, sublinha.

Com a Região Norte e Lisboa Vale do Tejo a registarem mais de 70% de todos os novos casos de infeção por SARS-COV 2, a maior parte dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continuam sobre uma enorme pressão, sobretudo as urgências e as unidades de cuidados intensivos (UCI).

Esta tarde, o Primeiro-Ministro António Costa anunciou mais um conjunto de medidas para reforçar o novo confinamento geral que, durante o fim de semana, não foi tão respeitado pelos portugueses, como aconteceu em Março de 2020. Por decisão do Governo, as escolas vão continuar de portas abertas.

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