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Tempo de espera de consultas de Glaucoma reduzido em 30% graças a projeto inovador de Oftalmologia do CHLN

CANAL S+ / VD
07-12-2020 18:21h

A equipa de Glaucoma do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) reduziu em 30% o tempo de espera dos doentes para acederem a uma consulta na unidade hospitalar, graças à implementação de um novo regime de teleconsulta, antecedido por exames de diagnóstico.

O projeto desenvolvido na Bélgica foi adaptado à realidade nacional, “dado que a nossa população é mais envelhecida e sente falta de ver o médico”, como revelou ao Canal S+ o oftalmologista Luís Abegão Pinto, responsável pela equipa multidisciplinar de Glaucoma do CHLN.

O também professor auxiliar de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Lisboa mostra-se satisfeito por o projeto ter sido o vencedor do concurso nacional “Experiências na era COVID-19: resiliência, singularidade e determinação”, promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH).

Luís Abegão Pinto explica que este reconhecimento “é um excelente incentivo para continuarmos a fazer coisas (…) e prova que o SNS está vivo e a funcionar bem”. O oftalmologista adiantou ainda nesta entrevista ao S+ que o projeto não implicou “gastar mais dinheiro… A única coisa que pedimos ao nosso diretor foi capacidade de gestão dentro do serviço”.

Com 250 mil portugueses a necessitarem de gotas para a patologia do Glaucoma, todos os recursos são escassos, mas o fundamental é um diagnóstico atempado, o que com as listas de espera conduzia em muitos casos a situações limite, onde o tratamento já produzia poucos resultados efetivos.

Luís Abegão Pinto sublinha ainda que o projeto teve outra grande virtude. Se por um lado reduziu em 30% o tempo de espera dos doentes do CHLN para acederem a uma consulta, por outro permitiu motivar uma equipa multidisciplinar que reúne para além do médico, um informático, uma administrativa e um técnico de ortóptica.

Antes do projeto ser implementado no CHLN, um doente podia esperar 600 dias até ter uma consulta hospitalar com um médico especialista. Graças ao projeto da equipa de Glaucoma, liderada por Abegão Pinto, esse período caiu para 28 dias.

“Às vezes basta uma questão de organização”, sublinha o oftalmologista para quem toda a equipa tem sido de uma dedicação inexcedível perante os doentes.  

Confrontado com a semelhança de funcionamento da equipa de Glaucoma do CHLN com um Centro de Responsabilidade Integrada (CRI), Luís Abegão Pinto explica que “nós neste momento estamos a funcionar em equipa (…) É possível ter a resposta de um CRI, sem se chamar um CRI. Têm é de ser encontradas soluções em que a eficiência não ponha em causa a segurança”, adverte.

O oftalmologista do CHLN e Membro do Comité Executivo da Sociedade Europeia de Glaucoma (EGS) garante que “há interesse na maior parte dos nossos colegas (…) e temos vários projetos a arrancar no Norte e no Centro do país”.

Segundo Luís Abegão Pinto, o interesse de outros hospitais do SNS justifica-se porque “todos nós temos 1 ano e meio de espera nas consultas (…) todos temos a angústia que o doente que entra na sala é alguém que devíamos ter visto há 6 meses”, alerta.

O médico oftalmologista espera agora que o prémio da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar dê visibilidade “a esta maneira diferente de fazer as coisas, que não tira valor de modo nenhum àquilo que é feito presencialmente”.

Para consulta dos restantes projetos do SNS a concurso, basta clicar no link abaixo:

https://www.apdh.pt/iniciativa

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