A diretora-executiva da ONUSIDA, Winnie Byanyma, apelou hoje aos esforços das autoridades na República Democrática do Congo no sentido de estenderem o tratamento antirretroviral a um maior número de doentes com sida no país, em particular mulheres.
Byanyima, que visitou hoje uma comunidade de doentes com sida em Kinshasa, capital da RDCongo, no âmbito das comemorações do Dia Mundial de Combate à SIDA, sublinhou que, “apenas 57% das pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência Humana (VIH) [no país] estão a fazer tratamento antirretroviral", segundo um comunicado divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o VIH/Sida (ONUSIDA).
Por outro lado, disse, “a cobertura da terapia antirretroviral é mais elevada entre os homens (72%) do que entre as mulheres (51%), um verdadeiro sinal de desigualdade entre os sexos", acrescentando que, se as mulheres não se sentirem seguras para revelar que são portadoras do VIH, ou sentirem que não serão apoiadas ou aceites se estiverem contaminadas, não se inscreverão para tratamento.
Das 520.000 pessoas que vivem com o VIH na RDCongo, mais de 64% são mulheres.
O VIH na RDCongo, tal como no resto da África subsaariana, afeta particularmente as mulheres jovens, pelo que o enfoque para a eliminação da sida no país deve ser colocado nas mulheres e raparigas, sublinhou a responsável.
"Todas as semanas, 4.500 mulheres jovens na África subsaariana são infetadas pelo VIH", disse Byanyima. "Isto é inaceitável, precisamos de mudar radicalmente a nossa resposta ao VIH", rematou.
A diretora-executiva da ONUSIDA chamou igualmente a atenção para o facto de entre um total de 68.000 crianças com menos de 14 anos que vivem com o VIH no país, apenas 25% estarem em tratamento, razão pela qual apelou também ao país para acelerar os cuidados pediátricos no âmbito do programa nacional de combate à sida.
As mortes relacionadas com a sida na RDCongo diminuíram 61% nos últimos 10 anos, de 37.000 em 2010 para 15.000 em 2019. Cerca de 23.000 pessoas foram infetadas no país com o VIH no ano passado e a prevalência do VIH encontra-se em torno de 1% da população adulta.