SAÚDE QUE SE VÊ

“É importante continuar a apostar nos rastreios para termos números que nos orgulhem”, afirma Liga Portuguesa de Luta Contra a SIDA (LPLCS)

CANAL S+ / VD
01-12-2020 12:10h

Maria Eugénia Saraiva é um dos rostos que, há 30 anos, lidera a luta ainda desigual contra o VIH/SIDA e o estigma sempre associado aos doentes. Entrevistada pelo Canal S+, em mais um Dia Mundial de luta contra a doença, a responsável garante que “é importante continuar a apostar nos rastreios para termos números que nos orgulhem”.

De acordo com o último relatório internacional “World AIDS Day Report” 38 milhões de pessoas continuam a viver com o VIH em todo o mundo. O documento revela que só em 2019, cerca de 1,7 milhões de pessoas foram infectadas pelo VIH e 690 mil perderam a vida com doenças relacionadas com a SIDA.

Em Portugal, o número de novos casos de infeção por VIH tem vindo a descer. Em 2019, a quebra situou-se nos 30% face a 2018, com 778 casos diagnosticados no relatório "Infeção VIH e SIDA em Portugal - 2020", que dá ainda conta de 197 mortes em resultado da doença, 46,2% em estadio SIDA.

Perante estes números, Maria Eugénia Saraiva não tem dúvidas em afirmar que “a participação da sociedade civil é extremamente importante para prevenir a doença e termos menos diagnósticos tardios”.

Até aqui, a LPLCS dispunha de uma unidade móvel do projecto “Saúde mais perto” a desenvolver rastreios junto das populações dos concelhos de Lisboa, Loures e Odivelas, mas volvidos tantos anos, a carrinha precisa de manutenção e seria fundamental que a Liga conseguisse, com o apoio da sociedade civil, comprar uma nova unidade para continuar a desenvolver o seu trabalho numa lógica de proximidade com as populações de risco, na Grande Lisboa.

Nos últimos 9 meses, a pandemia da COVID-19 adiou cerca de 75% dos rastreios da LPLCS, mas curiosamente “assistiu-se a uma procura de materiais preventivos muito maior”, revela Maria Eugénia Saraiva.

A presidente da Liga Portuguesa de Luta Contra a SIDA sublinha ao Canal S+ que “o aumento de materiais preventivos distribuídos nos últimos meses, como preservativos masculinos e femininos por exemplo, sofreu um acréscimo de 300%”.

Para a responsável da LPLCS “é um trabalho efetivo, mas não podemos cruzar os braços”.

Para a presidente da Liga Portuguesa de Luta Contra a SIDA, apesar do número de novas infeções de VIH/SIDA ter vindo a baixar, continua a ser importante “colocar o VIH/SIDA na agenda política, mas também na pública” porque as populações de maior risco continuam a situar-se nos mais jovens dos 29 aos 49 anos e nos mais velhos, acima dos 50 anos de idade.

Para além de “testar, referenciar para diagnosticar, religar ao Serviço Nacional de Saúde os utentes e, sobretudo, informar sobre formas de transmissão e de prevenir o VIH, as hepatites virais, entre outras infeções sexualmente transmissíveis", Maria Eugénia Saraiva assinala o esforço que tem vindo a ser feito pelos dez municípios portugueses que assinaram a declaração de Paris e que se concretizou no projecto Fast Track Cities, com vista a reduzir para números residuais o número de infetados pelo VIH/SIDA nesses municípios, até 2030.

Metas que a presidente da Liga Portuguesa de Luta contra a SIDA acredita que sejam alcançadas, já em 2021, em algumas autarquias portuguesas, como é o caso de Loures.

A 1 de Dezembro de 2020 assinala-se mais um Dia Mundial de Luta Contra a SIDA e decorre a Giving Tuesday, uma iniciativa para recolher fundos de apoio aos doentes.

Os interessados podem fazer os seus donativos em dinheiro através da conta MB WAY 911500072 ou recorrer aos CTT – Correios de Portugal para donativos em géneros alimentícios, sem quaisquer custos associados no que respeita aos portes de envio.

 

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