O Sindicato Independente dos Médicos alerta que a escalas da urgência cirúrgica podem ficar sem profissionais, caso a administração reduza as equipas previstas para cada turno.
“O Conselho de administração entende administrativamente diminuir as equipas. Os médicos, responsavelmente, dizem que não é possível e, por isso, nos dias em quem não estejam os mínimos, não é possível fazer escalas com os mínimos indispensáveis e, nesses dias, não haverá urgência cirúrgica”, afirmou o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, à agência Lusa.
Contudo, numa resposta escrita enviada à Lusa, o conselho de administração da unidade hospitalar algarvia garantiu que “o Serviço de Urgência Polivalente do Centro Hospitalar Universitário do Algarve [CHUA] terá em maio assegurada a adequada resposta na especialidade de Cirurgia Geral”.
O secretário-geral do SIM disse que há uma “carência extrema de recursos humanos” no Algarve e as escalas das urgências têm “sido asseguradas com grande espírito de sacrifício e empenho pelos médicos com mais de 55 anos, que fazem as urgências e podem deixar de fazer”, caso a administração do CHUA reduza as equipas para números inferiores aos previstos pelo colégio da especialidade da Ordem dos Médicos (OM).
“O SIM, através do seu secretário-geral, denuncia a situação, apela a que o conselho de administração tenha bom senso, e irá denunciar a situação ao Ministério da Saúde, à Ordem dos Médicos, apelando a que, o mais rapidamente possível, a Ordem dos Médicos possa fazer uma visita ao terreno”, adiantou a mesma fonte.
Roque da Cunha acusou a administração hospitalar de “incapacidade de liderança” e disse que os médicos já alertaram a unidade hospitalar de que, “a manter-se a situação, haveria dias em que a urgência não abriria”.
Questionado sobre o que acontece se a urgência cirúrgica não funcionar, a mesma fonte respondeu que os utentes “serão reencaminhadas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)” para outras unidades de saúde do país.
Confrontada com a posição do SIM, a administração do CHUA considerou que as “escalas são instrumentos e documentos internos de trabalho no âmbito da gestão equilibrada e racional de recursos humanos”, acrescentando que, em maio, será “assegurada a adequada resposta na especialidade de Cirurgia Geral”.
“O Centro Hospitalar Universitário do Algarve tem vindo internamente a trabalhar de uma forma rigorosa e atempada na preparação e organização das escalas dos Serviços de Urgência. A organização de todo o trabalho e, especialmente, das equipas de urgência é efetuada com grande rigor, empenho e dedicação da parte dos profissionais de saúde”, referiu a administração do CHUA na resposta à Lusa.
A mesma fonte acrescentou que “as escalas de Cirurgia Geral, bem como das demais especialidades, devem estar adequadas à atividade necessária para garantir a resposta desta especialidade no âmbito do Serviço de Urgência”, tendo em conta “a afluência de doentes ao serviço, o número de especialistas disponíveis e o rácio de profissionais essenciais para as escalas nos vários turnos”.
O objetivo é “assegurar permanentemente a resposta assistencial todos os dias do ano”, sublinhou.