Sair de casa, conviver com os amigos e com a família é o propósito de vida da população sénior. O isolamento social veio agravar a solidão que estas pessoas já sentem naturalmente. Há mais ansiedade, mais tristeza e vontade de “adormecer e já não acordar”.
A população idosa sofreu de todas as formas a pandemia da Covid-19: apresenta o maior risco de infeção e mortalidade, viu-se obrigada ao isolamento social, a adquirir novos hábitos e cuidados e sentiu agravar-se a solidão e a falta de esperança. Habituada a dinamizar atividades junto dos séniores, Raquel Calapez explica que muitos viram bloqueado o seu propósito de vida – conviver com os amigos e com a família. A Oficina das Emoções, promovida na Junta de Freguesia de Campolide, fechou portas mas a psicóloga procura manter o ânimo e o contato entre todos os elementos do grupo. Ainda assim, os idosos sentem-se cada vez mais sós e deprimidos. Muitos confessam até, vontade de morrer.
Estes são os casos que chegam ao conhecimento de Raquel Calapez. A psicóloga não é indiferente a quem não procura ajuda e sofre em silêncio. Há ainda as dificuldades económicas, com muitos idosos a verem agravar-se a sua condição. O suicídio é um risco acrescido, daí ser necessária intervenção técnica para o minimizar.
O desconfinamento trouxe-lhes agora um sinal de esperança e uma pequena sensação de que será possível, não se sabe quando, voltar a controlar a própria vida e as rotinas. Para Raquel Calapez, trocar a videochamada pela presença física da família,já faz toda a diferença.