A coordenação de São João da Madeira do PCP criticou hoje a desvalorização do hospital local no contexto da pandemia de covid-19, por esse equipamento ter sido preterido no tratamento de doentes oncológicos em favor de entidades privadas.
A crítica dessa estrutura partidária do distrito de Aveiro surge quase um mês depois de o Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV) - que tem a sua casa-mãe em Santa Maria da Feira, mas também gere os hospitais de São João da Madeira e Oliveira de Azeméis - ter transferido os tratamentos de oncologia para a clínica privada Lenitudes.
Esta parceria implica que o CHEDV alugue o espaço físico utilizado, embora continue a recorrer aos seus próprios recursos humanos e técnicos, deslocalizados para um novo espaço para assim se evitar o contacto entre doentes com cancro e os infetados com o vírus SARS-CoV-2.
O PCP de São João da Madeira opõe-se, contudo, a essa opção, e nota que os deputados do partido na Assembleia da República até já questionaram o Ministério da Saúde sobre o assunto, lembrando que a "situação de pandemia sobrecarregou o hospital da Feira e justificou a transferência da unidade de oncologia para um espaço privado, a pagar pelo erário público. Curiosamente, no passado esse serviço estava a funcionar no terceiro piso do hospital de São João da Madeira, que continua completamente desocupado".
Os comunistas também reclamam por a Comissão Municipal de Proteção Civil ter instalado "dezenas de camas no gimnodesportivo da antiga Escola Secundária N.º 2 para improvisar um hospital de retaguarda", quando no hospital da cidade há vários "espaços subaproveitados" e "pelo menos um piso - o terceiro - completamente desocupado, com mais de 20 camas" disponíveis.
"Não se entende a continuação dessa subocupação", diz o PCP, apelando agora a que o Governo explique "como justifica a desvalorização que tem vindo a ser feita do Hospital de São João da Madeira e o não aproveitamento das capacidades aí existentes, particularmente no contexto de necessidade que o país está a atravessar".
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 4,6 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 313.500 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 1,6 milhões foram já dados como recuperados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava domingo 1.218 óbitos entre 29.036 infeções confirmadas. Desses doentes, 649 estão internados em hospitais, 4.636 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
No município de São João da Madeira, cujo território de cerca de oito quilómetros quadrados conta com cerca de 21.700 habitantes, domingo à noite a autarquia situava em 70 casos o acumulado de doentes com covid-19. Hoje de manhã a DGS atribuía ao mesmo concelho 66 doentes com SARS-CoV-2.