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Covid-19: Pequenos comerciantes ucranianos exigem flexibilização do confinamento

LUSA
29-04-2020 16:38h

Várias centenas de pequenos comerciantes e empresários protestaram hoje no centro de Kiev para exigir uma flexibilização do confinamento imposto pelas autoridades para combater o novo coronavírus.

Depois da manifestação, o Governo acabaria por anunciar o levantamento de algumas restrições, nomeadamente a abertura de cerca de 900 mercados públicos, desde que sejam cumpridas as regras sanitárias e de distanciamento social.

Depois de bloquearem uma rua no centro da capital ucraniana, os manifestantes, que utilizaram máscaras de proteção, reuniram-se defronte da sede do Governo para exigir o levantamento, a partir da próxima sexta-feira, duas semanas antes do previsto, de uma parte das restrições em vigor.

“Mais um dia da vossa proteção e nós deixaremos de existir!”, lia-se num cartaz colado em vários automóveis de manifestantes ucranianos, num país que registou, até hoje 9.866 casos de covid-19, de que resultaram 250 mortes.

Os manifestantes exigiram também regras de confinamento “equitativas para todos”, na sequência de um escândalo surgido esta semana em torno de um deputado pró-maioria presidencial.

A imprensa ucraniana denunciou o facto de o deputado ter reaberto, secretamente, um dos seus restaurantes de luxo em Kiev, violando o confinamento.

Ao início da tarde, o Governo ucraniano anunciou o primeiro abrandamento das restrições em vigor, para autorizar a reabertura, a partir de quinta-feira, de cerca de 900 mercados de produtos alimentares em todo o país, com a condição de se respeitarem todas as normas sanitárias.

A decisão foi tomada depois de recentes manifestações de agricultores que chegaram a bloquear uma estrada no sul do país para protestar contra a impossibilidade de venderem a produção e reclamar a reabertura dos mercados.

“Os apelos irresponsáveis para se pôr fim ao confinamento antes do tempo representa uma ameaça para todos os ucranianos”, advertiu hoje, porém, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Chmygal, sublinhando que só haverá novo aligeiramento das restrições quando o número de novos casos da covid-19 parar de subir.

O executivo ucraniano impôs o confinamento em março e encerrou os estabelecimentos escolares, os espaços públicos e a quase totalidade dos comércios, mantendo abertos apenas os de produtos alimentares e as farmácias.

Parados ficaram também os transportes públicos, restringindo-os aos estritamente necessários, como aos membros das forças de segurança e agentes sanitários.

As medidas suscitaram críticas e vários economistas estimam que as restrições podem tornar-se mais prejudiciais do que a pandemia em si.

Segundo uma sondagem divulgada na semana passada, perto de 40% dos ucranianos indicou estar com problemas financeiros e 45% de não dispor de poupanças. 

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 217 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Perto de 860 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

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