A Covid-19 não fechou só as pessoas em casa. As orientações do governo conduziram ao encerramento de um conjunto de respostas sociais, vitais para a sobrevivência de muitas famílias. Estivemos à conversa com Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, estrutura responsável pela criação desta resposta social.
Chama-se Rede de Emergência Alimentar e é a resposta social criada pelos Bancos Alimentares para todas as pessoas que precisam de apoio alimentar.
Assenta nas instituições de solidariedade social, Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais que se disponibilizaram para aderir que, por sua vez, são abastecidas pelos Bancos Alimentares da sua região. É precisamente através das instituições de solidariedade social que os alimentos são distribuídos a quem deles precisa.
Nesta Rede de Emergência Alimentar participam também um conjunto de restaurantes e de cantinas, que se disponibilizaram para o fornecimento de refeições confecionadas.
Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, explica ao Canal S+, como foi criada esta Rede e os seus objetivos.
Em cinco dias, a Rede de Emergência Alimentar recebeu 1357 pedidos de ajuda.
Aos quinze dias de existência, contavam-se mais de 9964 pedidos de famílias que, de um momento para o outro, ficaram sem rendimentos para fazer face às despesas.
“9964 pedidos que não são de pessoas, são de famílias”, afirma Isabel Jonet.
Isabel Jonet confirma que há situações desesperantes, de fome, e que, “há muitos anos não via uma coisa assim”, destacando os pequenos negócios e as pequenas empresas de auto-subsistência.
“Milhares de famílias portuguesas que têm uma situação orçamental completamente desequilibrada, porque continuam com as suas despesas e não têm qualquer rendimento”, afirma a Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
Tal como o nome indica, esta é uma Rede de Emergência, uma resposta limitada no tempo, que Isabel Jonet espera “que dure tão pouco quanto possível” .
Mas a sua veia de economista leva-a a pensar que o ritmo normal da economia levará muito tempo a ser restabelecido.
Esta Rede de Emergência Alimentar tem cerca de um mês de existência, numa altura em que a Organização Mundial de Saúde estima que esta a pandemia da Covid-19 poderá arrastar 265 milhões de pessoas no mundo para uma situação de fome.
Foi mesmo utilizada a expressão: “Pandemia da Fome”.